Médicos se reúnem com Comissão de Saúde para debater greve

Imagem: Médicos explicaram situação municipal e alegaram que se categoria não aceitar proposta eles voltam a pedir apoio da Assembleia
Médicos explicaram situação municipal e alegaram que se categoria não aceitar proposta eles voltam a pedir apoio da Assembleia
26/05/2015 - 17:51 Por: Fernanda Kintschner    Foto: Roberto Higa

Médicos da Rede Municipal de Saúde voltaram nesta tarde (26/5) à Assembleia Legislativa para debater sobre a greve da categoria, que já dura 20 dias, aos membros da Comissão Permanente de Saúde. Os deputados intermediaram a conversa, que contou com a presença do superintendente da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande), o médico Virgílio Gonçalves de Souza Júnior.

“Estamos há quatro meses tentando negociar e nada. Foram mais de 30 reuniões. Nos deram índice zero de correção salarial, sendo que a inflação está em 8%. Cortaram nossas gratificações. Tem médico da Atenção Básica e da Saúde da Família que está ganhando menos de R$ 2 mil, tiraram nossos direitos”, alegou o presidente do SindMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdir Siroma.

Segundo o sindicalista, atuam em Campo Grande 1.400 médicos, sendo 606 concursados. Ontem foi feita mais uma rodada de negociações e ficaram definidos novos pontos para serem decididos em uma assembleia geral na noite desta terça-feira, que são: a prefeitura se compromete a retomar as gratificações com o pagamento retroativo em seis parcelas a partir de julho; abono dos dias parados; cancelamento do processo judicial; perdão da multa e tudo firmado via TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) pelo Ministério Público Estadual.

A prefeitura alega que é preciso enxugar gastos e conseguiu liminar no Tribunal de Justiça determinando a volta da categoria ao trabalho, no entanto, o movimento continuou, mantendo 30% do pessoal atendendo com prioridade os casos de urgência e emergência. Os grevistas, por sua vez, afirmam que uma das soluções, em vez de cortar gratificações, é a interdição do Centro Pediátrico, que demanda custos suficientes para manter três Unidades de Pronto Atendimento, porém isto não foi aceito pela prefeitura.

“Temos ciência que o setor que teremos que mexer e que mais vai gerar economia será o Centro Pediátrico para ter o retorno das gratificações, mas não podemos deixar de levar em conta que lá fazemos 12 mil atendimentos por mês. Além disso nos últimos meses faltou leito pediátrico na cidade. Estamos estudando a possibilidade de lá ter mais leitos de internação, por exemplo”, justificou o superintendente Virgílio.

Os médicos da comissão de greve afirmaram que se a categoria não aceitar a proposta da prefeitura eles irão voltar na Assembleia amanhã (27/5). “Cortar plantões já trabalhados é inadimissível”, ressaltou a presidente da Comissão de Saúde, deputada Mara Caseiro (PTdoB). Para o deputado George Takimoto (PDT) faltam investimentos em planejamento. “Sou médico há 45 anos e no Brasil não existe uma política de Saúde. Nunca planejaram e está na hora de reunir a classe política para algo que mude agora”, ressaltou.

Também esteve presente na reunião o presidente da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), Eglif Negreiros. “Essa situação de greve só sobrecarrega os profissionais e quem sofre são os pacientes. Viemos participar das negociações porque entendemos que o SindMed está dentro da legalidade. Médico não é bandido”, finalizou.

Os deputados Cabo Almi (PT), João Grandão (PT), Professor Rinaldo (PSDB), Lidio Lopes (PEN), Renato Câmara (PMDB), Junior Mochi (PMDB) e Antonieta Amorim (PMDB) também participaram da reunião.
Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.
Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.