Deputados alertam sobre agrotóxicos e seminário debate o tema

O deputado estadual Amarildo Cruz (PT) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (12/8), para defender a criação de mecanismos mais eficientes de fiscalização do uso de agrotóxicos em plantações.

“O consumo de alimentos cultivados com a utilização de agrotóxicos vem crescendo a uma escala muito grande e temos que ter muito cuidado, porque já ficou comprovada a relação do consumo desses produtos com o desenvolvimento de várias doenças, como o câncer”, afirmou. Segundo Amarildo, deve ser ampliado o debate relacionado ao tema em todo o Brasil. “Os danos podem ser irreversíveis, tanto ao meio ambiente, com a contaminação dos lençóis freáticos e o ar, quanto às pessoas”, reiterou.

Amarildo disse que a produção de orgânicos é uma das alternativas saudáveis ao consumo e convidou os demais deputados e a população a participar do seminário Os Impactos dos Agrotóxicos na Sociedade – Saúde, Trabalho e Meio Ambiente. O evento será realizado na Assembleia Legislativa, dia 17 de agosto, a partir das 13h, por iniciativa conjunta do parlamentar, do deputado estadual Pedro Kemp (PT), e do deputado federal Zeca do PT. O deputado João Grandão (PT), em aparte, ressaltou a importância da discussão e sugeriu também o debate relacionado ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.

Uso ilegal – Amarildo Cruz defendeu a criação de novas leis ou políticas públicas que disciplinem a utilização dos agrotóxicos. Criticou ainda o uso indiscriminado de produtos proibidos no Brasil. “Hoje sabemos que mais de 20% dos agrotóxicos consumidos no País são contrabandeados, o que nos deixa também em alerta, pela fronteira seca que fazemos com Bolívia e Paraguai”, afirmou.

Em aparte, o deputado Barbosinha (PSB) ressaltou “a dualidade entre a necessidade crescente da produção de alimentos e os malefícios que a utilização dos agrotóxicos traz para a vida das pessoas e o meio ambiente”. O deputado Kemp disse ter ficado surpreso com estatísticas relacionadas ao assunto. “Soube recentemente, por um médico que pesquisa o assunto, que cada pessoa consome, em média, sete litros de agrotóxico por ano, o que é uma quantidade muito exacerbada”.

A deputada Antonieta Amorim (PMDB) recomendou o fomento à produção de orgânicos, especialmente em áreas de assentamentos, e mais fiscalização do uso de agrotóxicos. “Na região de Bonito, por exemplo, vamos ter problemas com a produção agrícola existente e, se não houver fiscalização, em breve as águas do rio Formoso não serão tão formosas assim”, disse.

O deputado Lidio Lopes (PEN) também é favorável a um controle mais eficiente do uso de agrotóxicos nas plantações do Estado. “É preciso muito cuidado, porque, até mesmo outro dia, perto de Sidrolândia, um avião passou despejando agrotóxico e cobriu todo o meu carro, quer dizer, estamos sujeitos a esses impactos de muitas formas”, contou.

Para o deputado Zé Teixeira (DEM), a presença ostensiva das forças policiais em áreas de fronteira é determinante para coibir o contrabando de agrotóxicos. Ele citou a Operação Ágata, contra tráfico de drogas, descaminho, contrabando e outros crimes, executada pela Marinha, Polícia Federal, Exército e outros órgãos de segurança e fiscalização.

O parlamentar também lembrou que países que mais importam alimentos do Brasil, como a China e a Rússia, dispõem de mecanismos de fiscalização muito eficientes e, ainda assim, consomem cada vez mais os produtos brasileiros. “Se esses países, que são mais desenvolvidos e têm muita tecnologia, cada vez consomem mais nossos produtos, significa que nossos produtos são bons”, afirmou. Teixeira citou como exemplo a produção nacional de milho, que é 70% exportada.