Nos 60 anos do Dieese, coordenador destaca experiências

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José Silvestre relatou as experiências do Dieese em pesquisa e conhecimento nas últimas seis décadas
07/10/2015 - 12:20 Por: Heloíse Gimenes    Foto: Victor Chileno

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) foi criado em 1955, pelo movimento sindical. Na sessão ordinária desta quarta-feira (7/10), o coordenador de Relações Sindicais, José Silvestre Prado de Oliveira, relatou as experiências do instituto em pesquisa e conhecimento nas últimas seis décadas.   

De acordo com José Silvestre, o Dieese foi criado para desenvolver uma pesquisa sobre custo de vida na cidade de São Paulo, pois na época houve uma fraude na divulgação do índice de inflação. “Naquele momento histórico houve uma perda expressiva nos rendimentos dos trabalhadores. As pesquisas do Dieese subsidiaram os dirigentes sindicais nas negociações por melhores salários”.

Silvestre também lembrou a desarticulação do movimento sindical em decorrência do golpe militar. “Em 1964, o Departamento foi impedido de realizar suas funções, retomando suas atividades no ano seguinte”. O coordenador citou ainda a importância da entidade em 1977, quando o índice oficial da inflação foi manipulado. “Mais uma vez os trabalhadores sofreram rebaixamento nos salários. Fizemos um dossiê revelando os índices reais. Na época, ocorreram diversas manifestações operárias pela reposição salarial”, acrescentou.

Ao fim do seu discurso, Silvestre ressaltou a relevância da instituição. “Procuramos, por meio das pesquisas, estudos e trabalhos técnicos, produzir e aportar conhecimento para que as entidades representativas desenvolvam a luta sindical em defesa dos trabalhadores, no sentido de melhorar as condições de trabalho e salarial”, concluiu.  

Debate - Em seminário realizado no Plenarinho Nelito Câmara, o deputado João Grandão (PT) exaltou o papel do Dieese nas conquistas trabalhistas. De acordo com parlamentar, proponente do evento na Assembleia Legislativo, o Dieese contribuiu para desenvolver pesquisas e fundamentos legais e científicos às reivindicações trabalhistas.

“Temos visto diversas formas de precarização do trabalho e o setor bancário está aí para provar isso, com seu alto índice de terceirização e reajustes salariais, que não cobrem nem a inflação”, disse o deputado na abertura do evento. Para Grandão, o seminário contribuiu não apenas para o debate do acesso aos postos de trabalho, mas também para a qualidade das vagas ofertadas e a garantia de dignidade durante o exercício profissional. Além de José Silvestre, o seminário contou com a presença da supervisora técnica do Dieese-MS, Andreia Ferreira, além de lideranças de outras organizações sindicais, como CUT-MS e Fetems.

Para Andreia Ferreira, o trabalho tem perdido sua primazia e intencionalmente posto de lado em função da exploração excessiva da mão-de-obra pelo capital. “O trabalho não pode ser visto como um custo, mas como um investimento para o desenvolvimento econômico e social. E, além dos instrumentos normativos e da Constituição Federal, os trabalhadores podem continuar contando com o Dieese no desenvolvimento de pesquisas e estatísticas que deem fundamento legal e científico às reivindicações trabalhistas”, afirmou.

 

* Editado às 17h20 para inclusão de informações da Assessoria Parlamentar.

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