Barbosinha alerta para risco de desastres ambientais como o de Minas Gerais

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Para Barbosinha, governos devem se preparar para atender comunidades atingidas por desastres
17/11/2015 - 15:57 Por: Regiane Ribeiro    Foto: Roberto Higa

O deputado estadual José Carlos Barbosinha (PSB) utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (17/11) para falar sobre o despreparo do Governo Federal para lidar com situações de calamidade pública como o desastre ambiental que ocorreu no dia 5 de novembro, com o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, causando uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região central de Minas Gerais.

Barbosinha chamou a atenção para a falta de ações por parte do poder público para conter o problema, talvez pela razão do Brasil nunca ter sofrido com tufões, furacões e até mesmo guerras. “É preciso que os governos se preparem para atender as comunidades atingidas por desastres como esses, para que as defesas civis não distribuam apenas cobertores e alimentos, mas também tenham estruturas para atender grandes tragédias”, destacou o parlamentar.

Conforme o deputado que já ocupou o cargo de presidente da Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul), um fator preocupante é a interrupção do abastecimento de água, não só pela turbidez, mas também pela grande quantidade de mercúrio utilizado na mineração, produto que é considerado altamente tóxico e cancerígeno.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) calcula que ao menos 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, composto principalmente de óxido de ferro e sílica (areia), foram despejados das barragens, "causando nos locais atingidos pela lama concentrada, um dos impactos esperados é a mortandade de animais, terrestres e aquáticos, por asfixia. Graças à densidade da lama, ainda não foi possível observar o fenômeno, porque os animais mortos não flutuarão. No Rio Doce, onde a pluma chega mais diluída, poderá ocorrer mortandade de peixes devido a impactos no sistema respiratório”, enfatizou Barbosinha.

O prejuízo estende-se ainda ao patrimônio histórico. Está destruída, entre outros monumentos, a Capela de São Bento, erguida em 1718 e símbolo do surgimento do arraial mineiro de Bento Rodrigues.

Em sua fala, Barbosinha também ressaltou um trecho do discurso do senador Cristovam Buarque (PDT), que atribuiu a tragédia à ganância do lucro, somada à corrupção, ao hábito do improviso e à voracidade pelo consumo que estimula a atividade de mineração. Na opinião do senador, o acidente mostra que o Brasil se acostumou a fechar os olhos diante das irregularidades, situação que leva ao descrédito das autoridades.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou nesta segunda-feira (16) que foi firmado um termo de compromisso preliminar entre o Ministério Público Federal (MPF) e a mineradora Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, para o pagamento de uma caução socioambiental de R$ 1 bilhão. O compromisso foi assinado em Belo Horizonte, na sede do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais do Ministério Público (Nucam).

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