Lideranças do movimento negro são homenageadas na Assembleia Legislativa

Imagem: Deputado Amarildo: "Discriminar uma pessoa pela cor da sua pele não é brincadeira"
Deputado Amarildo: "Discriminar uma pessoa pela cor da sua pele não é brincadeira"
18/11/2015 - 22:00 Por: Fabiana Silvestre    Foto: Wagner Guimarães

Lideranças com reconhecida atuação no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial em Mato Grosso do Sul foram homenageadas durante solenidade alusiva ao Dia Nacional da Consciência Negra, na Assembleia Legislativa, na noite desta quarta-feira (18/11). “Este é um dia importante, esta semana é fundamental [Semana da Consciência Negra], momento festivo, mas também de reflexão”, afirmou o deputado estadual Amarildo Cruz (PT), proponente do evento e criador da Comenda do Mérito Legislativo Zumbi dos Palmares, há seis anos.

Na tribuna, o parlamentar ressaltou a importância da atuação estratégica dos homenageados e disse que lutar pelos direitos dos negros, pela inclusão social e pela igualdade de oportunidades é dever de todas as pessoas de bem. Amarildo criticou todas as formas de violência e defendeu as ações afirmativas. “Hoje, vemos a intolerância tão disseminada, especialmente nas redes sociais, e discriminar uma pessoa pela cor da sua pele não é brincadeira; temos que reverter isso”, disse.

O deputado defendeu a política de cotas como uma ação temporária, que garanta a ampliação da participação dos negros em todas as áreas, como o serviço público. Ele é autor da lei que determina a destinação de 10% das vagas para negros em concursos públicos estaduais. “Antes da lei, tínhamos menos de 3% de negros no serviço público, hoje são quase 7% e ainda queremos ampliar mais, considerando que 43% da população de Mato Grosso do Sul é formada por negros e pardos”, explicou.

Para a militante Vânia Lúcia Batista Duarte, as temáticas relevantes aos negros devem ser debatidas constantemente. “Temos bandeiras de luta, como a saúde e as políticas públicas, mas não há um recorte específico a nós”, disse. Discursando em nome dos homenageados, a bisneta de Tia Eva lembrou que seus antepassados participaram da fundação de Campo Grande, ajudaram no desenvolvimento do município, mas nem sempre são devidamente lembrados. A inclusão, que também foi bandeira de luta de Zumbi dos Palmares, no Brasil colonial, ainda é prioridade. “Continuamos lutando para sair da invisibilidade e, por isso, ainda temos muito o que fazer”, concluiu.

Também participaram da solenidade os deputados estaduais Renato Câmara (PMDB), Professor Rinaldo (PSDB), Cabo Almi (PT), João Grandão (PT) e José Carlos Barbosinha (PSB), além de representantes da Subsecretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial e Cidadania (Governo do Estado); do Conselho Estadual dos Direitos do Negro; e de entidades religiosas.

Zumbi dos Palmares

Receberam a Comenda do Mérito Legislativo Zumbi dos Palmares, além da bisneta de Tia Eva: Edelfia Bogado, Abadio Alcântara Rodrigues, Daniel Reis, José Antônio Pereira dos Santos, Mário Teixeira de Sá Júnior, Leonardo de Oliveira Melo, Manoel Sotero de Oliveira (Simona), Lusival Pereira dos Santos, Lourival dos Santos, Aparecido Teodoro Luiz, Edgar de Souza Matos, Eleno Ribeiro Trindade, Edmir Leocádio Figueiredo de Moraes, Carlos Renée de Oliveira Venâncio, Sandra Mara Martins dos Santos, Iracema Pereira Tiburcio, Pedro Fernandes Costa Gaeta, Adriane da Silva Soares, Devair Santos Melgarejo, Cynthia Ribeiro Pereira, Marinalva Pereira, Carlos de Santana Carneiro, Maria Isabel Neris, Florentino da Costa e Marcos Silva dos Santos.

Zumbi dos Palmares foi escravo e líder do Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, em Alagoas. Era constituído por quilombolas, como eram chamados os escravos fugitivos das fazendas das capitanias da Bahia e de Pernambuco. De acordo com historiadores, o Quilombo de Palmares chegou a reunir entre 15 mil e 20 mil pessoas na segunda metade do século XVII. Zumbi tornou-se símbolo da resistência negra à escravidão e morreu no dia 20 de novembro de 1695, data que ficou conhecida como o Dia da Consciência Negra, por determinação da Lei federal 12.519/2011.

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