Deputados aprovam acareação e cacique afirma que Cimi dá aulas de artesanato

Imagem: A próxima reunião da CPI do Cimi está agendada para o dia 21 de março às 14h
A próxima reunião da CPI do Cimi está agendada para o dia 21 de março às 14h
16/03/2016 - 19:30 Por: Juliana Turatti    Foto: Wagner Guimarães

Na tarde desta quarta-feira (16/3), o cacique Edson Candelário, da Aldeia Argola que fica no município de Miranda e o vereador de Sidrolândia, o indígena Cledinaldo Cotócio foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O objetivo da Comissão é investigar o Cimi, quanto a denúncias de incitação de conflitos por terras em Mato Grosso do Sul entre indígenas e proprietários rurais.

Com o depoimento do vereador de Sidrolândia Cledinaldo Cotócio, ficou evidente a contradição com o depoimento do delegado da Polícia Federal, Alcídio de Souza Araújo que já foi ouvido pela CPI. Por este motivo os deputados aprovaram a acareação entre eles.

“Minha participação foi de auxiliar na retirada do gado durante a retomada. Eu disse para o delegado que estava preocupado com a situação, com o que estava acontecendo, mas não posso afirmar quem estava lá, quem é do Cimi e quem não é. Eu já ouvi falar, mas não sei quem é do Cimi. Eu disse ainda que havia pessoas diferentes na retomada, mas não sabia quem eram as pessoas”, afirmou Cledinaldo.

Já o cacique Edson Candelário declarou em seu depoimento que o Cimi oferece cursos aos indígenas. “O Cimi oferece oficinas de artesanato nas aldeias. Eu conheço o Cimi e ele não representa nada pra mim. O que representa pra mim é minha comunidade”, declarou.

Questionado pelo deputado Pedro Kemp (PT) como que ele foi escolhido cacique e o que ele tinha a dizer da legitimidade dos conselhos indígenas. “Fui indicado pela minha comunidade e eleito por ela. Todo cacique tem voz no Conselho, não tem presidente porque ele é consultivo, portanto não há presidente. O Cimi não participa dos conselhos. A iniciativa da criação do conselho foi dos caciques. Em nossa região são 44 caciques”, esclareceu Edson.

E quanto as assembleias realizadas nas aldeias contou que é um encontro dos caciques. “Eu já participei das assembleias, é onde os caciques discutem sobre educação, saúde e moradia. Participam os caciques e a sua própria comunidade e também tem a participação de pessoas não indígenas, algumas entidades são convidadas, como o Cimi e o Ministério Público Federal”, complementou o cacique.

E ainda complementou: “Sim discutimos sobre demarcação das terras nas assembleias”. E eu participei da retomada da Fazenda Petrópolis. E quero reforçar que estou dizendo a verdade, estou dizendo o que se passa dentro de uma comunidade indígena”, finalizou.

Pela segunda vez o advogado indígena Luiz Henrique Eloy não compareceu para depor e apresentou justificativa. Desta forma permanece a convocação de forma coercitiva. A próxima reunião da Comissão será no dia 21/3, às 14h, no Plenário Deputado Júlio Maia e é aberta ao público e à imprensa. 

A CPI do Cimi é composta ainda pela presidente, deputada Mara Caseiro (PSDB); o vice-presidente, deputado Marquinhos Trad; o relator, Paulo Corrêa (PR) e o deputado Onevan de Matos (PSDB), como membro.

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