CPI é ato de investigação com o objetivo de apurar as denúncias, afirma presidente

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A próxima reunião da CPI será extraordinária e está marcada para o dia 18 de abril
13/04/2016 - 22:30 Por: Juliana Turatti    Foto: Wagner Guimarães

Nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) desta quarta-feira (13/4), a oitiva foi com o presidente Nacional do Cimi, Dom Roque Paloschi. O objetivo da Comissão é investigar quanto às denúncias de incitação e financiamento nos conflitos por terras em Mato Grosso do Sul.

A presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PSDB) reforçou a importância e a função da Comissão. “Nós estamos aqui num ato de investigação, nós estamos apurando denúncias que nos chegaram e esperamos com a apuração dessas denúncias chegarmos a uma conclusão de quem poderia estar incitando e provocando a guerra no campo. Claro que nos entendemos que há uma desigualdade, uma forma de viver das nossas comunidades indígenas que precisam ser melhor protegidas e cuidadas, mas nós não podemos simplesmente  querer acabar com uma injustiça que vem do passado, cometendo outra injustiça e cometendo ato de ilegalidade, crime, incitando essas comunidades indígenas”, alertou Mara.

A parlamentar também prestou esclarecimentos quanto a manifestações durante andamento da oitiva, lembrou que são proibidas por parte do público e que a comissão não tem nada contra a comunidade indígena ou aos proprietários rurais. “Não há deputado contra ou a favor, estamos cumprindo nosso papel de legislar. Não estamos e nem somos contrários a qualquer religião”, ressaltou.

O depoente Dom Roque Paloschi, reside em Porto Velho/Rondônia desde dezembro de 2015, onde atua como arcebispo metropolitano. Disse que desempenha a função de presidente do Cimi desde setembro de 2015. “O Cimi é um organismo vinculado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e em sua atuação missionária conferiu um novo sentido ao trabalho da igreja católica junto aos povos indígenas”, reforçou Paloschi.

Durante o depoimento a Comissão a Comissão mostrou vídeo do Ato Ecumênico em solidariedade aos povos indígenas, realizado na Casa de Leis e que o arcebispo fez uso da palavra. “Eu não tenho nada pra esconder. O Cimi foi agraciado com a CPI. Porque a CPI não é contra o Cimi, mas é a favor dos indígenas e mostrar a realidade que eles vivem. A Comissão dos despistamentos dos fatos que a CPI do Cimi deveria se chamar. O verdadeiro objetivo da CPI, da presidente é para servir de palanque e dar visibilidade para que ela possa se candidatar a prefeita da capital Campo Grande”, afirmou o arcebispo durante o seu discurso no ato.

Após ouvir a fala do vídeo do arcebispo Mara Caseiro declarou a indignação que causou até pelo desrespeito para com a Casa de Leis e com os deputados o discurso de ódio, de rancor e de discriminação proferido por Dom Roque Paloschi.

“Nós falamos dentro de um contexto, ódio maior são os dados de violência contra o indígena, no Brasil e no Mato Grosso do Sul, isso fala mais alto que tudo. Não sei se o ódio maior é esse meu discurso ou se a morte dos índios, neste caso, declarou Paloschi.

Quando questionado qual era o papel do Cimi o arcebispo respondeu que era a paz. “Nosso caminho é incentivar a paz. Nenhum integrante do Cimi incita o uso de armas”. Já quando questionado quanto quais são os programas de incentivo que Cimi oferece para as comunidades indígenas ele falou do estatuto. “O estatuto do Cimi é justamente ter essa esperança de comunhão que os povos caminhem nesta comunhão. Temos cinco missionários aqui em Mato Grosso do Sul que são o Matias Beno, o Geraldo Augusto, o Flávio Machado, a Lídia e a Irmã Joana”, respondeu.

O deputado Pedro Kemp (PT), que também é membro da CPI declarou ser contrário a criação da CPI. “Fui voto vencido na época fui e sou contrário a criação da CPI. Estamos debatendo a questão do Cimi enquanto o mais importante seria solucionar a questão dos conflitos aqui no Estado, e eu concordo com o arcebispo quanto ao foco da CPI”, advertiu o parlamentar.

Também membro da Comissão, o deputado Onevan de Matos (PSDB) perguntou ao depoente qual é a verdadeira atuação do Cimi dentro das aldeias. “Nós temos consciência que o Cimi não patrocina, não custeia e não incentiva as invasões. Essa é a orientação do Cimi. Se alguém não está cumprindo temos que saber disso. Essa é a orientação do Cimi. Respeitamos a autonomia dos povos, isso é estatutário do Cimi, orientamos os missionários que respeitem. O Cimi não orienta seus missionários a incentivarem a ocupação de terras”, afirmou Paloschi.

 “Invasão de terra é uma injustiça é uma irregularidade. Isso não é uma incitação um integrante do Cimi dar parabéns após uma invasão”, argumentou a deputada Mara. Essas atitudes são corretas? O senhor julga correto?, perguntou a parlamentar. “O Cimi nunca financiou e nunca incitou invasão”, respondeu Paloschi.

“Todos os recursos acessados pelas Káritas há prestação de contas. O Cimi presta contas dos recursos que utiliza. Eu não tenho conhecimento dos projetos desenvolvidos pelo Cimi aqui no Mato Grosso do Sul, mas tenho conhecimento de um em Roraima“, foi a resposta do depoente quando questionado como funciona a Káritas e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na captação de recursos.

O arcebispo também foi questionado como se dá a formação e da evangelização dos integrantes do Cimi. “Os integrantes têm formação e caminhos para passar e transmitir a paz. As atuações do Cimi também estão por orientação da evangelização das igrejas locais, no caso aqui de Campo Grande há a orientação da arquidiocese, do arcebispo Dom Dimas. Tem uma sintonia neste sentido”, destacou Paloschi.

A Comissão solicitou ao depoente que seja encaminhando para a CPI o levantamento e a prestação de contas dos serviços desenvolvidos pelo Cimi, por meio dos recursos recebidos pelo Cimi às comunidades indígenas. E ainda o arcebispo fez a entrega de documentos contendo informações detalhadas do Cimi para a CPI.

Compõem ainda a CPI como vice-presidente, deputado Marquinhos Trad (PSD) e como relator, Paulo Corrêa (PR). A próxima reunião de trabalho será extraordinária e está marcada para o dia 18 de abril, a partir das 14h, no Plenário Deputado Júlio Maia da Assembleia Legislativa.

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