Depoente declara não ter conhecimento de trabalho concreto do Cimi nas aldeias

Imagem: A próxima reunião da CPI está agendada para quarta, dia 20
A próxima reunião da CPI está agendada para quarta, dia 20
18/04/2016 - 16:55 Por: Juliana Turatti    Foto: Wagner Guimarães

Nesta segunda-feira (18/4), na reunião extraordinária da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) a oitiva foi com o ex-coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (Dsei- MS), Hilário da Silva.

O depoente reside em Campo Grande e é técnico em enfermagem. Ele nasceu na Aldeia Alves de Barros, que fica no município de Porto Murtinho e é da etnia kadiwéu. Hilário contou que tem uma semana que deixou de ocupar o cargo de coordenador do Dsei- MS.

Quando questionado pela CPI qual a atividade que o Cimi desenvolve dentro das aldeias Hilário disse desconhecer. “Não tenho conhecimento de um trabalho assim concreto, que o Cimi desenvolva dentro das minhas andanças nas aldeias”, declarou.

Afirmou que conheceu o trabalho do Cimi por intermédio da irmã Zilda Arns que era médica pediatra e sanitarista. Zilda também foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Zilda faleceu em 2010, vítima de um terremoto em Cuba. “Sim eu já ouvi falar do Cimi e conheci algumas pessoas que fizeram parte, como a irmã Zilda Harns. Conheci o trabalho do Cimi por intermédio dela. E eu de mim mesmo não sei e nunca vi o Cimi incitando e, conflitos por terras”, assegurou Hilário.

Já quando questionado se o Cimi destina alguma verba, ou materiais como, por exemplo, lona, ou até mesmo ajuda no transporte quando há retomada o depoente admitiu não saber. “Não posso afirmar que tenha, mas sempre apostei no Cimi como um parceiro nestas retomadas. O Cimi dá o suporte, mas não sei que tipo de suporte”.     

“Ele se faz presente em todas as retomadas. O Cimi auxilia a comunidade indígena”, explicou Hilário. Quando questionado o motivo que seu nome apareceu para ser depoente na oitiva ele disse acreditar que por o Cimi fez muitas matérias citando seu nome, durante a sua gestão como coordenador do Dsei-MS e que talvez por este motivo o nome dele possa ter aparecido.

“Não tenho visto o Cimi em aldeias já bem estruturadas”, destacou também em seu depoimento. E ainda ressaltou que lamenta sua saída do Dsei-MS. “Lamento ter saído. Eu não nasci coordenador. Eu estava coordenador”.

CPI - O objetivo da Comissão é investigar o Cimi, quanto a denúncias de incitação de conflitos por terras em Mato Grosso do Sul entre indígenas e proprietários rurais. A Comissão é composta pela presidente, deputada Mara Caseiro (PSDB); o vice-presidente, deputado Marquinhos Trad (PSD); e o relator, Paulo Corrêa (PR). Também são membros os deputados Onevan de Matos (PSDB) e Pedro Kemp (PT).

Oitivas - A próxima reunião será nesta quarta-feira (20/4), a partir das 14h, no Plenário Deputado Júlio Maia. Devem ser ouvidos o advogado do Cimi, Luiz Henrique Eloy, a indígena Valdelice Veron da Aldeia Taquara do município de Juti, e o secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto. A Comissão aprovou ainda uma reunião extraordinária na segunda-feira (25/4).

Depoentes - Os parlamentares aprovaram os seguintes nomes: Cacique Ramiro Luiz Mendes, Enedino da Silva, Mauro Paes e Wanderley Dias Cardoso para serem ouvidos pela Comissão.

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