Parlamentares discutem abertura do processo de impeachment

Imagem: Os deputados fizeram uma avaliação sobre a sessão realizada na Câmara Federal
Os deputados fizeram uma avaliação sobre a sessão realizada na Câmara Federal
19/04/2016 - 12:29 Por: Heloíse Gimenes    Foto: Victor Chileno

A aprovação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi o assunto debatido pelos parlamentares durante a sessão desta terça-feira (19/4). Os deputados petistas fizeram críticas à falta de argumentação e destacaram a atmosfera de “circo” que se instaurou na Câmara Federal durante a votação neste domingo.

João Grandão fez uma reflexão sobre a votação e considerou o processo ilegal. “Pouco se falaram das pedaladas fiscais, que são as bases para o impedimento da presidente. Os deputados federais fizeram homenagens às tias, aos filhos, aos vizinhos e ao papagaio, mas não fundamentaram os votos”, disse o deputado.

Em aparte, Pedro Kemp afirmou que os brasileiros puderam conhecer a composição da Câmara Federal. “Concordo com a imprensa internacional quando comparou a sessão com um circo. Nossos deputados federais estavam preocupados com os eleitores. A Constituição Federal foi rasgada. Tirar do cargo a presidente eleita legitimamente sem crime de responsabilidade é golpe contra a democracia”.   

Líder do partido na Assembleia Legislativa, Amarildo Cruz fez algumas considerações ao processo. “Esse processo foi aberto no Congresso Nacional tendo como base as pedaladas fiscais. Nós temos o entendimento que não existe crime de responsabilidade. O processo é meramente político, bancado por setores que não admitem a derrota nas eleições. É lamentável tirar o povo do protagonismo político, desconsiderando o voto. Depois dessa votação, onde a Câmara Federal mostra a sua cara para o País, muitos brasileiros perceberam a operação abafa e o golpe na democracia”, avaliou.

Cabo Almi considerou uma vergonha o comportamento dos deputados federais. “Ficou claro que o interesse pessoal sobressaiu. Constatamos ódio e a troca de valores. Não estão admitindo um governo eleito pelo povo. O que está em pauta é tirar a presidente Dilma a qualquer custo”. Para Onevan de Matos, líder do PSDB, não existe golpe, uma vez que ao fixar o rito processual, o Supremo Tribunal Federal (STF) legitimou o impeachment.  Mara Caseiro divide a mesma opinião. “Golpe foram as pedaladas fiscais, a corrupção, o rombo feito nos cofres da Petrobras e os cortes de investimento na saúde e educação. Chega, não queremos continuar pagando a conta do PT”.

Beto Pereira (PSDB) discordou que o processo não foi discutido na Câmara Federal. “Houve uma sessão anterior em que foi sim discutida amplamente a fundamentação para o impeachment da presidente Dilma. Sou contra desqualificar qualquer tipo de processo político pelo voto”. O 1º secretário Zé Teixeira (DEM) declarou ser contra o impeachment, no entanto, apontou alguns personagens do PT que levaram a presidente ao abismo.

O pedido de impeachment da presidente Dilma chegou ao Senado Federal na tarde de ontem. Para avançar, precisará do voto da maioria, isto é, de pelo menos 41 dos 81 senadores. Se o processo for aberto, Dilma deverá se afastar do cargo por um período de 180 dias. Terá início, então, a análise da denúncia, com apresentações da acusação e da defesa, sob o comando do presidente do STF, Ricardo Lewandowski.

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