Deputada defende formação adequada aos profissionais da enfermagem

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Mara: "Reconhecemos a atuação das EaDs, mas temos grande preocupação com a formação"
11/08/2016 - 12:07 Por: Fabiana Silvestre    Foto: Roberto Higa

A deputada Mara Caseiro (PSDB) ressaltou, durante a sessão ordinária desta quinta-feira (11/8), a importância da formação adequada aos profissionais da enfermagem que atuam em Mato Grosso do Sul. Ela propôs audiência pública para debater o ensino a distância do curso de enfermagem, realizada na última quarta-feira (10/8), na Casa de Leis. "Reconhecemos a atuação das EaDs [Instituições que oferecem ensino a distância], mas temos grande preocupação com a qualidade dos cursos e a formação desse aluno, que irá para a rede de saúde e atenderá os pacientes", analisou Mara, que também preside a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa.

Mara avaliou como positiva a audiência, que reuniu especialistas, professores e autoridades da área de saúde. Atualmente, 1.904.288 profissionais atuam na área em todo Brasil, sendo 8,1% só na região Centro-Oeste (154.357 técnicos, auxiliares e enfermeiros). Há 951 cursos presenciais de enfermagem, totalizando 153.752 vagas. Entretanto, mais da metade delas (51,9%) estão ociosas, o que não justificaria a abertura avassaladora de cursos EaD no País.

De acordo com a presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren/MS), Vanessa Pradebon, Mato Grosso do Sul possui 33 polos especificamente abertos para cursos de enfermagem. Porém, apenas 10 deles estão em funcionamento. Os demais não funcionam por falta de demanda. Em todo o País, são 1.778 polos, com 85.855 vagas ofertadas de ensino a distância, o que preocupa sindicatos, associações, universidades e conselhos de enfermagem em todo o país, devido à qualidade da formação desses profissionais. De acordo com o mestre em Enfermagem Ricardo Costa de Siqueira, membro da Câmara Técnica de Atenção à Saúde do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o Ministério Público questionou o órgão no ano passado sobre a situação da EaD em todo o País. Como resultado, foi realizada uma operação que resultou na identificação de irregularidades.

Entre elas, polos cadastrados que não estavam ministrando cursos, unidades sem biblioteca ou com ausência de livros essenciais para o aprendizado da enfermagem, sem convênios para estágio ou localizados em municípios que não dispõem de hospitais equipados para a realização de estágio, além de professores recém formados. “Não se aprende a se relacionar com o outro por meio de computador. Os odores, as cores de um paciente doente, só se consegue sentir pessoalmente. Como formar um profissional que cuida de pessoas em alto risco de morte sem ter passado por uma UTI ou uma sala cirúrgica?”, questionou o palestrante.

Outro fato preocupante é que universidades e centros universitários têm autonomia para criar esses cursos livremente, desde que sejam credenciados pelo Ministério da Educação. Somente as faculdades precisam pedir autorização. Os diplomas desses estudantes são exatamente iguais aos certificados daqueles que estudaram 5 anos em cursos presenciais.

* Com informações da assessoria de imprensa parlamentar.

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