Indígenas de Aquidauana cobram distribuição de cestas básicas
Temor é que se repita tragédia da desnutrição, diz Odilon (esq)
21/02/2011 - 12:56
Por: João Prestes
Foto: JP
Segundo o presidente do Conselho Tribal da Aldeia Água Branca, Salu José da Silva, a última entrega aconteceu em outubro, logo após as eleições. Depois disso, só em dezembro o governo do Estado voltou a distribuir alimentos para os indígenas, e ainda assim após interferência do Ministério Público Federal.
Os indígenas dizem que procuraram as autoridades responsáveis, mas a explicação de sempre é que não há repasse de recursos do governo federal, e enquanto o convênio não for normalizado, a distribuição de alimentos continua suspensa.
“Tem muitas famílias que já começam a passar dificuldades, tem criança passando fome”, alerta Salu da Silva. O empresário Odilon Ribeiro enfatiza que o temor é que se repita a tragédia da desnutrição que na década passada matou dezenas de crianças indígenas em aldeias de Dourados, fato que chamou a atenção do mundo todo para o drama das populações indígenas de Mato Grosso do Sul.
As lideranças fizeram outra denúncia: muitos produto que integravam a cesta básica dos indígenas já não eram mais enviados ou a quantidade diminuiu. É o caso do charque, que caiu de dois para um quilo, e do fubá, que também teve redução. Já a sardinha em latas e a erva mate desapareceram da cesta, enquanto a farinha de trigo, nunca integrou a lista de produtos.
“O governador prometeu várias vezes não só regularizar a entrega, mas melhorar a cesta. Então queremos que inclua esses produtos. Só um quilo de charque não dá pra nada. E por que tirou a erva e a sardinha? Será que índio não tem direito a uma refeição decente?”, indaga o ex-cacique da Água Branca, Waldomiro Francisco.
O deputado Felipe Orro (PDT) disse que já estava ciente da situação e havia procurado o governo do Estado, cobrando urgência na distribuição das cestas. “Me disseram que até o fim do mês tudo estaria resolvido. Mas vou reforçar o pedido através de uma indicação pela Assembleia levando essa preocupação de vocês.”
Felipe Orro agradeceu às lideranças indígenas por confiarem o problema a ele e disse que seu gabinete está sempre de portas abertas.
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