Audiência pública busca alternativas para crise da mandioca

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Comissão de Agricultura debate crise da mandioca em audiência
07/05/2015 - 18:38 Por: Andreia Araujo    Foto: Marco Miatelo

A audiência pública “Aspectos Econômicos na Cadeia Produtiva da Mandioca” realizada na tarde de hoje (07) pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, reuniu no Plenário da Assembleia Legislativa representantes de todos os segmentos da cadeia produtiva da mandioca. O presidente da Comissão de Agricultura, deputado estadual Marcio Fernandes, abriu os trabalhos lembrando que o objetivo é minimizar os prejuízos ocasionados ao produtor sem impactar o mercado consumidor. “O grande problema hoje é a lei da oferta e procura. Existe muita produção para uma demanda que é insuficiente. Neste caso, o valor pago pelas fecularias não agrada o produtor, sobra produção e a indústria armazena no estoque. Esse ciclo exige mudanças urgentes que beneficiem ambos os lados”, destaca o deputado.

O vice-presidente da Comissão de Agricultura, deputado estadual João Grandão, lembrou que o percentual de adição na farinha de trigo previsto pelo projeto, aconteceria de forma gradativa para agregar valor aos produtores no que se refere à rama da mandiocultura. “Esta adição pode iniciar com um percentual de três por cento, chegando a alcançar dez por cento, justamente para que as indústrias se adequem a nova regulamentação. Não queremos radicalizar, impondo uma quantidade específica de adição logo de imediato”, destaca o deputado. Para o deputado estadual Renato Câmara - membro da Comissão - os preços altos e baixos sempre permearam o setor e é preciso aproveitar essa oportunidade para encontrar uma solução. “Lidamos com a sazonalidade dos preços ao longo dos anos constantemente. A audiência é importante para evitar que o impacto negativo da produção de mandioca no Estado volte a ocorrer”, alertou.

Mato Grosso do Sul possui 20 fecularias que produzem em média 130 mil toneladas por ano. Os produtores de mandioca, representantes da indústria, financeiras, prefeitos e lideranças do Estado, apresentaram, durante a audiência pública, sugestões para os efeitos ocasionados no setor da mandiocultura. O gerente de mercado do Banco do Brasil, Rafael Remonte, esclareceu que, dos contratos firmados em MS, 7% é com grandes produtores e 93% com pequenos produtores, demonstrando boa vontade para facilitar a dívida de financiamento existente. “O BB precisa de uma resolução federal que autorize a extensão do prazo para renegociação da dívida com os produtores. Feito isso, estamos à disposição para prorrogar o financiamento”, garantiu.

O delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/MS) Gerson Faccina, atribui esse movimento de retração na economia local devido o preço baixo pago ao produtor e ao comércio que vivencia um período de crise econômica. “A mandioca é um produto de subsistência muito importante para o controle agrícola. Nós acompanhamos essa negociação da adição da fécula na farinha de trigo desde 2005 e acreditamos que essa pequena quantidade dentro da farinha de trigo vai garantir comércio para boa parte da produção de mandioca no Estado”, aposta.

O secretário de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Fernando Lamas, reforça que a crise da mandiocultura no Estado vai além do aspecto econômico, já que a maioria dos produtores de mandioca são pequenos agricultores. “Temos que contribuir para uma agricultura sustentável gerando emprego e renda para essas famílias. O grande desafio proposto é encontrar alternativas para a utilização da mandioca e seus derivados, de modo que nos tornemos menos dependentes do que acontece em outras unidades da federação”, pontuou.
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