Reunião com pequenos frigoríficos resulta em audiência pública para debater crise do setor

01/07/2015 - 19:16 Por: Andreia Araujo   


A crise que afeta os pequenos frigoríficos de Mato Grosso do Sul e que tem provocado um efeito cascata no número de demissões preocupa trabalhadores, empresários, produtores, comércio e o poder público. Na tentativa de encontrar uma solução para que os 23 frigoríficos que ainda estão em atividade no Estado não fechem as portas, o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira, deputado Marcio Fernandes (PTdoB), o presidente da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio, deputado Paulo Corrêa (PR), deputado Zé Teixeira (DEM) e o deputado Renato Câmara (PMDB) estiveram reunidos nesta quarta-feira (1/7) com representantes da Assocarnes-MS (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidoras de Carnes do Estado de Mato Grosso do Sul) no Plenarinho da Assembleia Legislativa.

“Discutimos as denúncias sobre o fechamento de pequenos frigoríficos e o desemprego gerado com o as demissões. Vamos analisar o que dá pra ser feito o mais rápido possível, já que hoje fechou mais um frigorífico no interior do Estado. São milhares de empregos e nós temos que tomar providências”, afirma o deputado Marcio Fernandes.

De acordo com presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidoras de Carnes do Estado de Mato Grosso do Sul (Assocarnes), João Alberto Dias, 15 unidades foram fechadas, podendo em breve, outros dois frigoríficos anunciarem o fim das atividades. As demissões já atingem 6.700 trabalhadores. “Alguns dados precisam ser apurados. Temos a impressão de que pode existir alguma manobra para concentração industrial e isso é extremamente ruim para a cadeia, para a economia e para o Estado. Se o produtor ficar na mão de um grande grupo econômico, não vai ter pra quem oferecer seus animais, não vai ter como negociar preço e essa empresa vai ditar o preço de mercado. Todos serão prejudicados”, afirma.
O deputado Paulo Corrêa também compartilha da apuração das denúncias. “Está havendo uma possível cartelização do setor por parte de uma indústria que estaria sufocando os pequenos empresários. Não interessa para o produtor rural do Mato Grosso do Sul ter um frigorífico só mandando no preço da carne do Estado”, destaca o deputado.

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, demonstrou solidariedade à reivindicação dos frigoríficos e atribuiu parte da crise à atual situação econômica do país. “Houve uma retração em vários setores, não só no mercado de carnes. Indústrias estão fechando, lojas estão demitindo, concessionárias de automóveis estão vendendo menos. Toda a atividade comercial e empresarial no país foi afetada porque a sociedade se endividou e o consumo diminuiu. Ainda assim sou a favor das possibilidades. Temos que ter para quem vender. É a lei da oferta e procura. A via de mão única não é boa e o monopólio perigoso”, esclarece.

Para iniciar a apuração das denúncias foi solicitado durante a reunião ao representante da Secretaria de Fazenda do Estado (Sefaz), Eurípedes Ferreira Falcão, uma agenda com o secretário da Sefaz, Marcio Monteiro, para rever a política tributária estadual em relação ao setor. Em curto prazo, ficou definida uma audiência pública para o dia 10 de julho, às 8h na Assembleia Legislativa.
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