<P>Discurso do deputado Pedro Kemp (PT) na sessão solene da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. </P><P>"Há 144 anos, no dia 18 de março de 1857, teve lugar aquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras ações organizadas por trabalhadoras do sexo feminino. Cento e vinte e nove mulheres das fábricas de vestuário e têxteis de Nova York iniciaram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. A manifestação foi violentamente dispersada pela polícia. </P><P>A história escreveu e, desde 1975, o dia 8 de março é, comemorado como o Dia Internacional da Mulher. Ao evocá-lo, a cada ano, faz-se o balanço de uma luta de muitos anos pela igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres. Esta luta das mulheres que chefiam hoje 25% dos lares brasileiros, já representam 40% da população inserida no mercado de trabalho e têm avançado no nível avançado no nível de escolaridade. De um total de 2 milhões de universitários, 1,8 milhões são mulheres. É perceptível a conquista de novos espaços por parte das mulheres na política, nos cargos de direção e chefia, na sua atuação marcante em todas as categorias profissionais. </P><P>Muita coisa vem mudando nessas últimas décadas, com muita celeridade, no mundo todo. De um lado, por pressão do próprio sistema econômico e social que obrigou as mulheres a terem atividade remunerada para aumentar a renda familiar. De outro lado, pelos ventos democratizantes que rondam o mundo. Mas muito, e decisivamente pela luta das mulheres na busca de igualdade social com os homens e na desconstrução dos estereótipos de gênero, marcas de uma cultura em crise. </P><P>Porém, a despeito desta realidade de avanços e conquistas, a luta contra as injustiças, as desigualdades e a violência culturalmente construída contra às mulheres deve prosseguir. A expressão das mulheres, sua contribuição para a sociedade brasileira em todos os setores, sua participação na produção de riquezas não são traduzidas em termos de respeito e de valorização social.</P><P> Em geral as mulheres trabalhadoras tem uma renda bem menor que a dos homens, constituem 63% das vítimas de agressões físicas cometidas por parentes no âmbito doméstico, mais de 50% das mulheres economicamente ativas afirmam ter sofrido assédio sexual, 14% das mulheres gestantes não tem nenhum acompanhamento pré-natal, a cada duas horas uma mulher morre no Brasil devido a complicações decorrentes da gravidez. Somente 1/3 da violência contra a mulher é denunciado. </P><P>Avanços e conquistas, discriminação e violências. Mulheres a luta continua. E esta luta tem de ser de todos nós, homens e mulheres que desejamos uma sociedade, de justiça, solidariedade e igualdade. Que esse horizonte, a ser construído coletivamente, traduza um trabalho conjunto realizado não apenas com determinação, competência e ética, mas igualmente com criatividade, alegria e valorização pessoal. Sejam as mulheres as protagonistas neste processo. Todas as mulheres, principalmente, as Donas Marias ou Senhoras Marias. Ou simplesmente as Marias. Pois como diz o poeta: </P><P>'Querm traz no corpo a marca</P><P> Maria, Maria </P><P>Mistura a dor e a alegria</P><P> Mas é preciso ter manha </P><P>é preciso ter graça é preciso ter sonho sempre</P><P>Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida.'"</P><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><BLOCKQUOTE dir=ltr style="MARGIN-RIGHT: 0px"><P> Milton Nascimento</P><P> </P></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE></BLOCKQUOTE><P>Campo Grande, 13 de março de 2003. </P><P>Plenário Júlio Maia, Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul. </P>