<p align="justify"><font face="Verdana" size="2">O deputado estadual Pedro Kemp (PT) deve encaminhar nos próximos dias ao governo do Estado, Ministério Público Federal (MPF), Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, Ministério da Justiça e Fundação Nacional do Índio (Funai) o documento intitulado ‘Pelos Direitos dos Nossos Parentes do Tekoha Sombrerito’. A carta, pedindo providências das autoridades para o fim da violência contra os indígenas e celeridade nos processos de demarcação de terras, foi tirada da grande assembléia dos Kaiowá Guarani, a Aty Guasu, que desde segunda-feira, dia 11, vem sendo realizada na aldeia Teyi’Kue, em Caarapó.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">A reunião foi marcada pelo luto dos Guarani diante da violência contra os indígenas. Casos como Marçal de Souza e mais recentemente Dorival Benitez foram lembrados durante os testemunhos. O jovem Eugênio Gonçalves, 19 anos, contou à plenária, formada por pelo menos 200 indígenas, a tortura da qual foi submetido em Sombrerito, território localizado em Sete Quedas e região de conflito. Na ocasião, Benitez foi morto com um tiro na cabeça e outros Kaiowá Guarani ficaram feridos, dentre eles o jovem Eugênio.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Convidado pelas lideranças indígenas a participar da Aty Guasu, Kemp recebeu das mãos dos Guarani Kaiowá o documento, pedindo para que as autoridades intervenham nos conflitos, garantam a demarcação das terras e a paz no campo. “Já estamos cansados de tanto ver nossos direitos desrespeitados e sofrer todo tipo de violência e humilhação”, descreve.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">A carta exige que seja convocada também reunião com representantes do governo federal, estadual e Ministério Público. Na Aty Guasu a preocupação maior era a ordem de despejo em Sombrerito, prevista para ser executada nos próximos dias, o que poderá resultar ainda mais em violência.“Queremos que esse nosso grito contra a violência e pelo reconhecimento dos nossos direitos chegue às pessoas de bem em todo o Brasil e em todas as partes do mundo, pois precisamos de muita força e muitos amigos para que acabem tantos sofrimentos, mortes de crianças de fome e desnutrição e nossas lideranças assassinadas”, finaliza o documento. </font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Leia na íntegra o documento:</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2"><br/><strong>Pelos direitos dos nossos parentes do Tekoha Sombrerito</strong> </font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Nós, mais de setecentos índios guarani caiuás reunidos na Aty Guasu na aldeia Tey’Ikue no município de Caarapó, no primeiro dia do nosso Encontro, ouvimos com indignação e revolta como foi a violência contra nossos parentes do Sombrerito, quando foi assassinado Dorival Benites e outros foram feridos e torturados. O relato foi feito por um dos nossos irmãos que foi espancado, difamado e ameaçado de morte pelos pistoleiros e fazendeiros.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">No final desse mesmo dia 12 de julho recebemos mais uma punhalada com a decisão do juiz federal Gilberto Mendes Sobrinho, de Naviraí-MS, de expulsão dos nossos parentes do tekoha Sombrerito. No dia 08/07 já havíamos sido atingidos pela decisão do Superior Tribunal Federal (STF), suspendendo a portaria demarcatória de Yvy Katu </font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Já estamos cansados de tanto ver nossos direitos desrespeitados e sofrer todo tipo de violência e humilhação. Diante de mais essa decisão contra o sagrado direito do nosso povo à terra, para poder viver em paz e com dignidade, exigimos:</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">1. Que o Ministério Público Federal e a Funai recorram da decisão judicial de expulsão dos nossos parentes do Sombrerito;</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">2. Que seja convocada uma reunião ampla com representantes do governo federal, estadual e Ministério Público para fazer um acordo que garanta a permanência dos nossos parentes no Sombrerito enquanto continua o processo de regularização da terra;</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">3. Que a Funai conclua logo o que está faltando para a publicação do relatório de reconhecimento dessa terra e siga os prazos do decreto 1775;</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">4. Que a Funai e a Funasa dêem toda a assistência necessária e a que tem direito à comunidade indígena do Sombrerito;</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">5. Que haja empenho para na retomada do processo de demarcação da Terra Indígena Yvy Katu.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Queremos que esse nosso grito contra a violência e pelo reconhecimento dos nossos direitos chegue às pessoas de bem em todo o Brasil e em todas as partes do mundo, pois precisamos de muita força e muitos amigos para que acabem tantos sofrimentos, mortes de crianças de fome e desnutrição e nossas lideranças sendo assassinadas. E isso só vai acontecer quando tivermos nossas terras reconhecidas para podermos nelas viver, produzir nossos alimentos e viver em paz nosso modo de viver guarani caiuá.</font></p><p align="justify"><font face="Verdana" size="2">Aldeia Tey’Ikue, 13 de julho de 2005.</font></p>