Hoje cortadores de cana trabalham três vezes mais que na década de 80, diz CPT

29/04/2008 - 18:45 Por: Josy Macedo, da assessoria de imprensa dep. Pedro Kemp (PT)   

Entre 1980 e 2007, os trabalhadores brasileiros envolvidos na produção do álcool passaram a derrubar nos canaviais do país um montante três vezes maior de cana-de-açúcar. Conforme a CPT, no início da década de 80 um cortador era responsável por retirar das lavouras cerca de 5 toneladas/dia de cana. Hoje, no entanto, ele já colhe nos canaviais 15 toneladas/dia sem, no entanto, receber a mais por isso.

Em audiência pública na Assembléia Legislativa nesta terça-feira, dia 29, o representante da CPT (Comissão Pastoral da Terra) no encontro, Mieceslau Kudlavicz, disse que estudos revelam que um cortador de cana em 1980 recebia R$ 9,00 por dia para cortar cerca de 4 toneladas de cana. Já em 2007, mesmo triplicando esse montante de corte, o trabalhador ganhava apenas R$ 6,88.

“O que evidencia que o esforço físico mais que triplicado e o aumento da produtividade não melhoraram sua renda, mas muito ao contrário houve uma redução significativa dos seus ganhos. Esta deterioração das condições de trabalho é que tem provocado inclusive a morte de trabalhadores nos canaviais, por exaustão”, disse Kudlavicz citando estudiosos do assunto.

A CPT denunciou também na audiência a precarização do trabalho nos canaviais. De acordo com a Pastoral, em menos de um ano, Mato Grosso do Sul teve um aumento significativo no número de casos de trabalho degradante relacionado as usinas de álcool. O Estado saltou de três ocorrências em 2006 para 13 em 2007. Os dados são significativos também quanto ao número de trabalhadores envolvidos nestas ocorrências. Em 2006, apenas 29 pessoas foram flagradas em condição análoga à escravidão. Já no ano passado esse número saltou, conforme a CPT, para 1.634 trabalhadores. “Mato Grosso do Sul se tornou um dos campeões do trabalho escravo”, resumiu.

A audiência pública “MS pelo Trabalho Digno” foi proposta pelo deputado Pedro Kemp (PT) e contou também com a participação do MPT (Ministério Público do Trabalho), da SRT (Superintendência Regional do Trabalho), da Marcha Mundial de Mulheres e demais movimentos sindicais e sociais do Estado.
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