STF respalda Lei Maria da Penha e garante proteção às mulheres, diz Kemp

Imagem: Deputado endossa afirmação de ministro ao dizer que grau de civilização de um país se mede pelo grau de proteção às mulheres
Deputado endossa afirmação de ministro ao dizer que grau de civilização de um país se mede pelo grau de proteção às mulheres
10/02/2012 - 11:18 Por: JL    Foto: Giuliano Lopes

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) considerou histórica e legítima a decisão do STF (Superior Tribunal Federal) que reconheceu a constitucionalidade da Lei Maria da Penha. O parlamentar endossou a afirmação proferida pelo ministro Carlos Ayres Brito “o grau de civilização de um povo se mede pelo grau de proteção à mulher” durante a sessão de ontem (9).

Para Kemp, a constitucionalidade garante direito das mulheres brasileira à proteção. “Algumas decisões judiciais estavam dando novas interpretações ao texto da lei, fazendo com que conquistas obtidas sofressem um verdadeiro retrocesso, como exigir a representação da vítima em processos. Isso já não existe mais. É uma vitória das mulheres e sobretudo, da nação”, diz Kemp.

O STF reconheceu a Constitucionalidade dos Art. 1, 33 e 41 da Lei Maria da Penha e eliminou a representatividade da vítima em processo criminal contra o agressor, ou seja, "mesmo que a mulher agredida não apresente denúncia ou recue por medo ou por algum tipo de pressão, o Ministério Público terá a prerrogativa de denunciar o agressor", detalha Kemp.

O julgamento, considerado histórico pelos movimentos feministas, acatou a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4.424 proposta em 2010 pela Procuradoria Geral da República.

Em Mato Grosso do Sul, o parlamentar já havia se manifestado favorável ao cumprimento da lei e chegou a propor uma Frente Parlamentar em Defesa da Lei Maria da Penha. Segundo ele, à época a discussão acontecia pelo fato de que desde que foi criada, a legislação vinha sofrendo uma série de questionamentos na Justiça, tendo alguns tribunais declarado a inconstitucionalidade da norma.

O parlamentar lembra que cerca de 81,9% da população considera a violência doméstica um grave problema social e 78,6% acredita que a aplicação da Lei Maria da Penha pode evitar ou diminuir muito à violência doméstico contra a mulher. Em seu mandato, em março do ano passado, Kemp encabeçou a audiência pública com o tema “A violência contra as mulheres e as formas de prevenção e punição”.

Festa

De acordo com o site www.jornaldodia.com.br, o que era expectativa às 14h30 de ontem, quando começou a sessão, virou festa cerca de seis horas depois (por volta das 20h30), quando o trabalho foi encerrado pelo STF. 
A primeira decisão foi unânime, enquanto a segunda por 10 votos a 1. “Essas decisões representam a vitória dos movimentos populares, de mulheres, de todos aqueles que são contra a violência. Isso significa o fim do debate doutrinário e a possibilidade de celeridade dos processos da Lei Maria da Penha. Isso direcionou um recado aos agressores que este País não aceitará mais conviver com a impunidade. O Brasil tem agora uma chance de paz dentro dos lares brasileiros”, disse o ministro.

Para a Secretária Nacional de Enfrentamento á Violência contra a Mulher, Aparecida Gonçalves, o que aconteceu nesta quinta-feira, foi  uma grande plenária para as mulheres. “As decisões e votos brilhantes dos ministros vão garantir uma transformação e revolução no enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil e no mundo”.

“As decisões de hoje representam um marco importante no processo de construção e  consolidação da agenda dos direitos humanos em nosso país. Breve veremos as conseqüências positivas do julgamento hoje proferido”, disse o ministro Celso de Melo

O relator da Lei Maria da Penha no STF, ministro Marco Aurélio, foi o primeiro a abrir  a votação e declarou o primeiro voto pela constitucionalidade dos art. 1, 33 e 41  da Lei Maria da Penha. Outros sete ministros seguiram o entendimento do relator.

O ministro Marco Aurélio usou como argumento que a Lei Maria da Penha veio concretizar o art. 246 da Constituição Federal, que deu Proteção Especial à Família, e previu a criação de mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar no âmbito de suas relações.

Marco Aurélio uso a máxima de Rui Barbosa: “Tratar com igualdade os desiguais na medida da sua desigualdade”.

FREAR A VIOLÊNCIA - O ministro justificou ainda seu voto, afirmando que é preciso promover um avanço social e cultural para frear a violência doméstica e para diminuir as vergonhosas estatísticas que são apresentadas todos os anos. “A mulher é vulnerável quando se sujeita a afeição afetiva e também é subjugada pela diferença na força física”, avaliou.

“A Lei Maria da Penha retirou da clandestinidade as milhares de mulheres agredidas”, finalizou.
(JL/www.jornaldodia.com.br)
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