Para Zé Teixeira, governo é culpado pela crise no campo

05/04/2006 - 18:36 Por: Assessoria de Imprensa/ALMS   

<font face="Verdana" size="2">O deputado estadual Zé Teixeira (PFL), que também é agropecuarista e faz parte da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, é de opinião de que a culpa por esta crise no campo é do governo. No caso do governo federal que, conforme ele, não oferece estrutura para o agropecuarista e do Estado que não investe no ser humano. Em entrevista ao site Dourados Informa, ele citou como exemplo os baixos salários dos médicos veterinários. <br/><br/>Pergunta - O senhor aponta alguma saída para esta crise que atinge o setor produtivo e reflete em todo o país?<br/><br/>Resposta – No momento não existe forma mágica de se apontar uma saída. Nós deparamos hoje com o câmbio baixo e o custo de produção alto. E ainda nós temos que conviver com as questões climáticas. Portanto quem apontasse hoje uma saída momentânea para a agricultura e o setor agropecuário não estaria falando com certeza. Eu com 66 anos de idade e já vi várias outras crises, mas nenhuma com tanta consistência de pessimismo como a que está colocada hoje. O mundo inteiro está com sinais de crescimento econômico e o Brasil é um país que terras férteis, clima bom, o povo laborioso só que não existe uma política adequada para que o produtor rural atue no setor. <br/><br/>Pergunta – Qual a cultura mais viável neste momento de crise? <br/><br/>Resposta – Vou dar um exemplo sobre o milho. O preço mínimo do milho hoje, estabelecido pelo Governo federal é de 13 a 14 reais a saca. Este é o preço mínimo. Ele nos oferece uma opção de se fazer o AGF no Banco do Brasil, ou seja; retirar dinheiro e deixar a mercadoria como garantia. O governo não faz o AGF, quer dizer não cumpre o que é estabelecido na lei porque? Porque não existe consumo. Com este desaquecimento do setor em função da gripe aviária, da queda de nossa importação em mais de 50% então quem é que vai comer o milho? Então este ano quem plantou o milho safrinha, se falhar este prognóstico de geada seca vai colher maravilhosamente, mas vai vender para quem se o maior consumidor do milho é o setor da avicultura. Automaticamente não tem para quem vender e o que é pior não tem onde colocar porque o Brasil não tem uma capacidade de armazenamento. Como vai cobrir a conta. <br/><br/>Pergunta – A culpa está no governo ou neste conjunto de coisas negativas que atingiram em cheio a pecuária, a avicultura e a agricultura?<br/><br/>Resposta – A culpa está no governo sim. Nós temos que ter uma política definida para o setor. Nós temos que ter pessoas que abrem as portas do mundo para o setor. O mundo inteiro hoje busca duas coisas, primeiro a sanidade, depois a qualidade. O Brasil precisa de uma sanidade responsável, investir na sanidade. Não adianta com o surgimento da aftosa o governo vir aqui, matar 21 milhões de cabeças e o médico veterinário ganhar 1.720 reais. Não tem nenhum veterinário querendo trabalhar na fronteira. Agora o governo deu um aumento insignificante no meu ponto de vista para a categoria dos médicos veterinários ou seja; 25%. Gastaram um horror de dinheiro para sacrificar 21 milhões de cabeças, fechou o município, afetou o leite, prejudicou a região de Eldorado, Japorã e Mundo Novo. Tanto é que afetou melancia, afetou melão, eu nunca vi isso, aftosa atingir melão ou melancia. <br/><br/>Pergunta - Diante da aftosa o Paraná tomou medidas mais corretas que o Mato Grosso do Sul?<br/><br/>Resposta – O orgulho do Paraná em não admitir a febre aftosa atrasou o abate sanitário e começaram a abater agora e nós estamos sujeitos a estar livres destes problemas todos agora em julho. E podemos perder este privilégio todo e passar a liberação para setembro porque nós estamos atrelados na divisa do Paraná. Isto é inadmissível. Cada estado tem que ter a sua responsabilidade. A legislação prejudica um estado em detrimento de outro estado. O governo do Estado tem que investir no ser humano e o governo federal investir em estrutura. Criar um cinturão verde na divisa do Brasil com o Paraguai. Já que o Paraguai não quer participar de uma campanha unificada com o Brasil. Para se ter uma idéia o Paraguai tem nove milhões de cabeças de gado. O Brasil hoje tem 195 milhões por ano. Nós crescemos por ano o equivalente a toda produção do Paraguai. Nós temos é que correr agora atrás do consumidor. Atrás de qualidade e poderemos investir no Paraguai para fazer uma campanha, pois nós somos irmãos de Mercosul, então nós temos que criar, não 150 quilômetros de fronteira, mas um cinturão na fronteira do Brasil com o Paraguai e investir em cana de açúcar, eucalipto. Isso dá muito mais lucro hoje. É um subsídio. Um incentivo que o governo pode dar. Dando incentivo ao produtor ele terá muito mais lucro. Nós temos que triplicar a produção de álcool. <br/><br/>Pergunta – As prorrogações das dívidas ajudam realmente o agricultor?<br/><br/>Resposta – Eu acho o seguinte. Não adianta prorrogar dívida para o ano que vem porque com a lucratividade baixa o produtor nem sabe se vai produzir e as condições climáticas ajudarem e o preço recuperar. Quem está devendo hoje tem que ter a dívida prorrogada por dez anos e pagar 10% de juro ao ano. Não adianta passar a dívida deste ano para o ano que vem. O produtor tem que financiar a safra. O governo tem que usar os recursos do FCO, uma grande parte porque o FCO é um fundo oriundo do Imposto de Renda não sai do tesouro. Ele gasta tanto em reforma agrária que não está dando retorno. Alongando a dívida do produtor rural o governo não está fazendo nenhum favor e sim um investimento. Pois hoje nós estamos sentindo os reflexos desta crise no campo um dos reflexos é o comércio, a venda de combustíveis. O momento é delicado para o Brasil e se não tiver uma atitude rápida para salvar o agronegócio a produção vai acabar.<br/><br/>Pergunta – Dourados comporta esta crise toda e não tem estrutura para isso dentro da nossa realidade econômica?<br/><br/>Reposta – Eu entendo que Dourados não tem porte para suportar isso. Dourados hoje é uma cidade que representa uma região. É pólo. Abrange todo o cone-sul de todo o Estado. É pólo na saúde. Todos vêm pra cá e a saúde está numa grande dificuldade. Quando não esbarra aqui vai a capital. Dourados representa e atende 17 municípios. Esta inadimplência é reflexo da crise no campo. O agricultor é obrigado a dar preferência ao banco porque precisa manter o nome limpo para ter acesso a futuros financiamentos. Então tendo que pagar o banco quem que ele vai deixar de pagar? Vai deixar de pagar o comércio, vai deixar de pagar a oficina, deixar de pagar o borracheiro, o posto de gasolina, visando o ano que vem. Pois o agricultor é um homem que sempre tem esperanças. Ele sempre espera ganhar dinheiro, vencer e criar muito bem a família. O agricultor não pensa em outra coisa a não ser produzir. <br/></font>
As matérias no espaço destinado à Assessoria dos Parlamentares são de inteira responsabilidade dos gabinetes dos deputados.