Para deputados, conservação do patrimônio da ferrovia deve ser prioridade

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Campo Grande sedia Seminário que discute preservação do complexo ferroviário do Estado
28/09/2017 - 10:20 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Daniel Campos e Rachid Waqued

Campo Grande sedia nesta quinta-feira (28/9) o I Seminário Nacional de Memória e Preservação do Patrimônio Ferroviário, que reúne no prédio da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil pesquisadores, gestores públicos e entidades ligadas à conservação, para discutir a normatização e preservação física e cultural da ferrovia que liga Bauru (SP) a Corumbá (MS), com ramal a Ponta Porã (MS).

Presentes na abertura do evento, os deputados estaduais Junior Mochi, presidente da Assembleia Legislativa, e Amarildo Cruz (PT), 2º secretário da Casa de Leis, destacaram a importância de se preservar todo o complexo que cruza o Estado. “Ao resgatar e valorizar todos esses espaços nos apropriamos da nossa história e conseguimos melhorar o presente e projetar um bom futuro. Afinal, muitas cidades surgiram ao longo da ferrovia, que movimentou o turismo, a economia e faz parte do que é Mato Grosso do Sul. Eu lembro como era bom ir aos carnavais de Corumbá de trem. Saímos a noite e acordava no meio do Pantanal”, relatou o presidente Mochi.

Para o deputado Amarildo Cruz, o Seminário é importante iniciativa para discutir como viabilizar a recuperação da rodovia. “É triste ver esse descaso com toda a memória de um povo. Eu morava no início da linha do trem de São Paulo e era muito bom ver como ele movimentava as cidades. É preciso vontade política federal para resolver essa situação. Tem tanta empresa no mundo todo com know-how para isso, mas é preciso investir e resgatar a viabilidade do transporte de pessoas e mercadorias”, considerou.

Em nome do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a superintendente em Mato Grosso do Sul, Maria Clara Scardini, comemorou a realização de um evento que reúne entidades de âmbito nacional, estadual e municipal. “Discutir para pensarmos juntos nas possibilidades é nosso foco, assim como despertar nas pessoas o olhar da importância da preservação, não só da estrutura, mas também da memória e dos aspectos econômicos e históricos”, discursou.

Na ocasião foi assinado o termo de contratualização com a arquiteta Tatiane Sangali, vencedora de processo licitatório do Iphan em parceria com a Fundação de Cultura do Estado, para projetar a recuperação da antiga rotunda, em Campo Grande.  Antonio Marques da Silva, trabalhador da ferrovia por 30 anos, comemorou. “Sinto muita falta desse lugar movimentado. Fui de tudo um pouco e nem acredito que o trem foi desativado”, disse.

O presidente da Associação dos Ferroviários, Valdemir Vieira, concordou e contou como era quando cuidava da bilheteria. “Eram mais de 1.800 pessoas por dia que embarcavam. Saíam cinco trens, dois para Bauru, dois para o Pantanal e 1 para Ponta Porã. São 1.600km de malha e há 21 anos vemos isso se deteriorar. Estamos esperançosos com esse seminário, pois dos 3.100 patrimônios listados ao longo da ferrovia, cerca de 30% já foi destruído”, destacou.

O Seminário contará com uma série de palestras entre hoje e sexta-feira (29/9). A programação completa do evento você encontra clicando aqui.

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