Deputados debatem intervenção federal no RJ e possível repercussão em MS

Imagem: Pedro Kemp defendeu "resgate histórico" e Paulo Corrêa também qualificou a situação como "preocupante"
Pedro Kemp defendeu "resgate histórico" e Paulo Corrêa também qualificou a situação como "preocupante"
01/03/2018 - 13:01 Por: Fabiana Silvestre   Foto: Victor Chileno

As motivações e as consequências da intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro, com possíveis repercussões em Mato Grosso do Sul, foram debatidas durante a sessão ordinária desta quinta-feira (1/3). Maurício Picarelli (PSDB) qualificou a situação como "preocupante". "Quais efeitos podem advir quando um presidente interfere na situação do Rio de Janeiro? O crime organizado não sai de lá. Os 'moleques' estão afrontando soldados e, se duvidar, podem tirar as armas deles. Além disso, os bandidos podem vir para nosso Estado, para a região de fronteira", alertou. Para o deputado, foi "tiro no pé" a estratégia do Governo Michel Temer de "esvaziar" o Ministério da Justiça com a criação do Ministério Extraordinário de Segurança Pública. 

Eduardo Rocha (PMDB) disse que a violência urbana ultrapassou todos os limites e aterroriza moradores e visitantes. "Não sabemos se a intervenção resolverá ou não o problema no Rio de Janeiro, mas todos os dias crianças e policiais estão sendo mortos, em todos os lugares. Está pior que uma guerra", avaliou. Ele lembrou que o ministro Raul Jungmann reforçará a segurança nas áreas de fronteira. "Estamos em uma zona de conforto porque Mato Grosso do Sul não é igual o Rio de Janeiro, mas esse reforço é importante e espero que dê certo", disse.

Dr. Paulo Siufi (PMDB) reiterou que Campo Grande está entre as capitais brasileiras com maior índice de elucidação de crimes e exaltou as conquistas da segurança pública estadual. "Temos em nossos quadros profissionais muito competentes e, por isso, há êxito nas investigações. No Rio de Janeiro, a polícia estava corrompida e até os médicos não querem trabalhar próximo às favelas. Pelo menos 30% pediram demissão. Sou contra, mas, se querem intervenção, é preciso dar poder de polícia às Forças Armadas", argumentou. Paulo Corrêa (PR) citou reportagem veiculada ontem (28/2) na imprensa referente à situação de insegurança na capital carioca. "Até os Correios passaram a cobrar uma taxa de R$ 3,00 para entregas no Rio de Janeiro, considerando os inúmeros furtos de cargas. É preocupante", disse. 

Pedro Kemp (PT) defendeu o "resgate histórico" para a compreensão da conjuntura no Rio de Janeiro. "Os morros foram abandonados pelo Poder Público e, hoje, são os chefes do tráfico que dão amparo à população. Infelizmente, é essa a realidade". Para o deputado, a intervenção teve motivações políticas. "As tropas já estavam no Rio de Janeiro e, na verdade, com a intervenção, o Governo fica impedido de votar no Congresso a Reforma da Previdência. Essa ação não foi bem pensada e prova disso é que não houve qualquer planejamento ou metas a serem alcançadas durante a intervenção", analisou. 

Amarildo Cruz (PT) qualificou a situação como "conturbada". Ele lembrou que os "distribuidores" de drogas estão no Rio de Janeiro, mas que a situação afeta todo o Brasil. "Tem muita gente que faz a droga chegar até lá. Isso também nos causa preocupação e temos que ficar atentos", afirmou. Barbosinha (PSB) explicou que as Forças Armadas não têm o poder de polícia. "E justamente por isso receio que possa haver a desmoralização das Forças Armadas. Por que elas não podem agir como deveriam, em certos casos", enfatizou.

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