Para valorizar traços negros, Amarildo Cruz cria o Dia do Orgulho Crespo

Imagem: Segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade da população feminina no Brasil é preta ou parda
Segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade da população feminina no Brasil é preta ou parda
22/03/2018 - 12:57 Por: Evllyn Rabelo   Foto: Victor Chileno

Na semana em que o mundo celebra o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21 de março), o deputado estadual Amarildo Cruz (PT) sugeriu a criação do "Dia do Orgulho Crespo de Mato Grosso do Sul", a ser comemorado, anualmente, no dia 07 de novembro. A data escolhida é uma homenagem à adolescente Karina Saifer de Oliveira, que suicidou-se aos 15 anos de idade após sofrer bullying na escola em que estudava, no município de Nova Andradina, por causa do seu cabelo.

Defensor do combate à discriminação racial, Amarildo Cruz  faz um alerta. "É preciso voltar a atenção para casos tristes como esse não só quando é celebrado o dia de combate ao racismo, mas todos os dias. Não podemos aceitar que ainda hoje, no século XXI, pessoas sejam perseguidas, discriminadas por causa da cor da sua pele e o objetivo de projeto de lei é pautar politicamente a sociedade sobre a importância de compreender de que forma a negação do cabelo crespo está associada ao racismo e à discriminação, e o quanto é importante valorizar a estética negra", defendeu.

Para o deputado, a valorização da estética negra é um ato de resistência aos padrões eurocêntricos que foram impostos ao povo negro, amplamente e historicamente difundidos pela mídia e pela publicidade. "É preciso quebrar o tabu de que existe um padrão de beleza. Que os cabelos crespos sejam símbolo de luta e estimulem a articulação de outras pautas que visem corrigir as desigualdades do Brasil, sobretudo, as injustiças cometidas contra as pessoas negras e contra as mulheres", falou.

Números

Segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade da população feminina no Brasil é preta ou parda (49,5%) e de acordo com o atlas da violência de 2017, do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), o número de mulheres negras vítimas de mortes por agressão passou de 54,8% em 2005 para 65,3%. Ou seja, no último ano 65% das mulheres assassinadas eram negras. Outro dado grave é destacado no Mapa da Violência de 2015, no qual mostra que a quantidade de homicídios em mulheres brancas caiu, já os homicídios de mulheres negras aumentaram em 54,2%, passando de 1.864 em 2003, para 2.875 vítimas em 2013.

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