Da tapioca ao forró, nordestinos influenciam o Estado e celebram seu dia na ALMS

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Comunidade Nordestina é homenageada em noite de festa na Assembleia Legislativa
11/06/2018 - 22:18 Por: Christiane Mesquita   Foto: Wagner Guimarães

Entre os povos que agregam valores culturais a Mato Grosso do Sul estão os nordestinos. Sua marca está impressa em toda parte, na música, dança, folclore, artes e comidas típicas, tingindo ainda mais o Estado de tons quentes e vibrantes. O Dia da Comunidade Nordestina, instituído pela Lei 5069/2017, foi comemorado nesta noite (11) no Plenário Júlio Maia, na Assembleia Legislativa. A Comenda Asa Branca, estabelecida por meio da Resolução 27/2017, conferida a 39 personalidades que contribuíram para o desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado, foi proposta pelo deputado estadual Amarildo Cruz (PT), 2º secretário da Casa de Leis, também autor da lei que homenageia os nordestinos que aqui vivem.

A comemoração contou com a apresentação do poeta Ceará, do município de Nova Andradina, que declamou um poema de sua autoria em homenagem ao povo nordestino que reside no Estado. A dupla Tony e Carlos, de Nova Alvorada do Sul, apresentou duas músicas, e uma delas foi Asa Branca. Durante a entrega das honrarias, o poeta-repentista Ruberval Cunha, que reside em Campo Grande, também apresentou-se falando uma diferente rima a cada homenageado.

O deputado Amarildo Cruz registrou a importância da comunidade nordestina para o Mato Grosso do Sul e para o País. “Tive a iniciativa de propor um projeto de lei para reconhecer e homenagear o povo do Nordeste, pois entendo desde a minha origem [sou neto de baianos] o quanto é forte, valoroso e importante esse povo. A cultura nordestina, de um modo geral, é que dá a cara para o Brasil, não há como pensar o Brasil sem a música, as artes, a culinária, a dança e todas as manifestações culturais de lá. Fui criado próximo de vários migrantes do Nordeste e sempre me intrigou o conteúdo social, eu não entendia porque um povo de uma determinada região do País tinha que ter uma vida diferente das pessoas de outras regiões. Minha avó contava sobre o pau-de-arara que trouxe os nordestinos para o interior de São Paulo, e isso só aumentava em mim o orgulho do povo nordestino. Posteriormente vi muitos atos racistas e falta de reconhecimento ao povo que muito contribuiu para a formação do País. Deixo aqui registrado que a motivação é o carro-chefe e com a aprovação por todos os deputados nós criamos uma lei e uma comenda para ser perpetuada anualmente na Assembleia Legislativa. Que a noite de hoje lembre o quanto é importante o valor dessa gente e reforce a autoestima deles, pois o Brasil se fez pelas mãos do Nordeste", enfatizou o parlamentar.

Homenageados – Receberam o troféu Asa Branca: Antonio Carlos Gonçalves Rocha, Joaquim Vieira de Souza, Josefa Rosa Barbosa de Moraes, Cesar Gomes de Matos, Acelino Rodrigues Carvalho, Ricardo Gomes de Souza e Silva, Severina Maria do Nascimento Valério, o padre Francisco Expedito Tenório de Almeida, Raimundo Nonato Teixeira da Mota, Rosenilda Feliz dos Santos, Romero Bastos, Marcelo Martins Souto, Heleno Silvino da Silva, Francisco Oliveira da Silva, Maria do Livramento Fernanda Rocha Bezerra, Eronildo Barbosa da Silva, Luiz Gomes Silva, Simônia Siqueira Silva, Antônio Eliete Bezerra, Francisco Ferreira da Costa, Itamar Fernandes Bezerra, Francisco Francinaldo Leite, Antônio Severino da Silva, Manoel Pinheiro Bastos, Antônio Mendes da Silva, Leticia Silva dos Santos, Raimunda Alencar Onça, Generino Justiniano Ferreira, José Elineudo Alves da Silva, Francisco Romero da Silva, Maria Pereira da Silva, Sebastião Francisco de Lima, Josefa dos Santos Silva, João de Deus Gomes de Souza, Ana Lucia da Silva, Sergio Manoel da Cruz, Tomazio Tomaz da Silva, Alexandre Bento Martins e Kriegel Nevoland do Nascimento.

Acelino Rodrigues Carvalho agradeceu em nome de toda a comunidade nordestina que veio morar no Estado. “Quando cheguei em Mato Grosso do Sul decidi ir para Dourados, pois lá eu conseguiria voltar a estudar. Eu sou de uma família de 15 irmãos e percebi que a educação era o único meio de vencer na vida, então estudei o técnico em contabilidade e logo em seguida fui para a universidade. Lá me pediram que alguém tocasse música nordestina em uma festa, e levei três rapazes da periferia de Dourados. O meu espanto é que os estudantes pediram para os meninos, depois da segunda música, irem embora do local. Eles se retiraram e eu não entendia como em um País como o nosso era possível alguém mandar retirar um patrício porque não se identificava com a música. Fundamos nossa associação há 24 anos e em vários pontos do Estado se organizam as comunidades e tradições nordestinas. Este é um momento de glória para nós, extremamente importante, pois toda aquela luta para resgatar os elementos nordestinos culminaram nesta lei que cria o Dia da Comunidade Nordestina no Estado. Agradeço imensamente pois isso tem um significado muito especial, é o reconhecimento, nos reconhece como cidadãos iguais em direito e dignidade aos outros e contribui para que os nordestinos tenham orgulho em dizer que são nordestinos, pois eles tinham vergonha de afirmar isso no passado. Agora podem promover, praticar e difundir nossa cultura e em um momento em que o preconceito se manifesta de forma muita intensa. O deputado Amarildo Cruz e esta Casa de Leis se abrem para nós, um profundo agradecimento a cada um dos parlamentares que nos acolhem com tanto carinho, inclusive com essa festa, e Salve o Nordeste”, expressou o homenageado.

Também participaram da cerimônia os deputados estaduais Junior Mochi (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, Cabo Almi (PT), João Grandão (PT), Barbosinha (DEM) e Enelvo Felini (PSDB), o superintendente de Cultura, Ricardo Maia, o defensor-público Júlio César Ocampos Gonçalves, o secretário de Cultura e Turismo de Campo Grande, Ademir Alves Guilherme, a presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Sueli Veiga Melo, o presidente do Centro de Tradições Nordestinas de Dourados, Luciano da Silva Borges e o presidente do Centro de Tradições Nordestinas de Anastácio, Edson Barbosa de Moraes, entre outras autoridades.

Comenda – O nome escolhido para a honraria vem da música “Asa Branca”, de autoria da dupla Luís Gonzaga (1912-1989) e Humberto Teixeira (1915-1979), composta em 3 de março de 1947. Cantada por Luís Gonzaga, foi posteriormente gravada por vários artistas. O tema da canção é a seca intensa do Nordeste brasileiro, que é capaz de fazer com que a ave Asa Branca (patagioenas picazuro), uma espécie de pombo, migre.

A composição faz uma analogia com a migração da ave e retrata a mudança de um rapaz que promete voltar um dia aos braços de seu amor. Neste ano a primeira gravação de “Asa Branca” completou 71 anos. A Asa Branca é a ave e o símbolo que representa a dor e alegria do povo nordestino, já que a canção também traz uma parte feliz dessa jornada, a chegada do junho de São João, tempo de chuva, colheita, fartura, quando a ave volta pra casa.

*Com informações do portal Brasil de Fato



 

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