Pedro Kemp apoia protesto indígena contra ruralista à frente da Funai

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Kemo questionou nova nomeação
17/11/2016 - 07:40 Por: Jacqueline Lopes com colaboração da AL/MS e CIMI   Foto: Roberto Higa/Jacqueline Lopes

O deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS) pronunciou-se em favor do protesto indígena que já dura sete dias na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Campo Grande. Os índios são contra a nomeação feita pelo governo de Michel Temer (PMDB), que oficializou o coronel do Exército Renato Sant’Anna, para a coordenação regional de Campo Grande da Fundação Nacional do Índio.

Na quarta-feira (16/11), o deputado Pedro Kemp participou da 9ª Assembleia do Povo Terena, na Aldeia Bananal em Aquidauana (MS). Lá, segundo o parlamentar, os indígenas se posicionaram com indignação contra a nomeação do novo servidor. Para Kemp, a autonomia das comunidades deve ser respeitada. “Colocar um coronel que também é proprietário rural é no mínimo inusitado. Com isso, os indígenas ocuparam a Funai, pois consideraram uma falta de respeito. Foi uma revolta”, disse.

Kemp considerou preocupante um grupo formado por índios ter se reunido com o coronel sem que antes, tivesse ouvido a comunidade. O parlamentar afirma que após a CPI do CIMI, forças políticas ruralistas teriam se aproximado dos indígenas com o intuito de dividi-los e enfraquecer a luta de todos pela terra. O assunto foi debatido em Aquidauana pelas lideranças, relatou.

A Assembleia do Povo Terena tem como objetivo geral congregar os caciques, lideranças de retomadas, rezadores, mulheres e a juventude indígena em torno da luta pelo território tradicional. A reunião teve como pauta temas como a educação escolar indígena, sustentabilidade e meio ambiente, saúde nas comunidades e políticas públicas em geral que são afetas as comunidades indígenas.

Durante a Assembleia Terena aconteceu o “II Encontro de pesquisadores indígenas com suas lideranças” destinado ao estudante, pesquisador e profissional indígena que deseja apresentar para as lideranças sua pesquisa e trabalhos realizados na universidade.

O Conselho do Povo Terena é organização tradicional indígena formado por lideranças indígenas que nos últimos anos fizeram o enfrentamento na luta pela demarcação de terras indígenas. Além das grandes assembleias, o Conselho Terena tem atuado na defesa judicial dos direitos dos povos indígenas.

O Conselho do Povo Terena integra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB e tem assento na Organização das Nações Unidas – ONU.

A nomeação

Durante uma semana de muita mobilização, os povos indígenas foram surpreendidos na quinta-feira (10) pela nomeação do coronel reformado do Exército Renato Vida Sant’Anna para a coordenação regional da Funai em Campo Grande. Além de militar, Sant’Anna é fazendeiro e sua nomeação foi apoiada pelos ruralistas do Estado, onde há uma das situações mais agudas de violência contra indígenas. O MPF (Ministério Público Federal) investiga casos de formação de milícias.

No mesmo dia, indígenas do povo Terena ocuparam a sede da Funai em Campo Grande, responsável pelo atendimento das terras indígenas Água Limpa, Buriti, Buritizinho, Cachoeirinha, Guató, Kadiwéu, Lalima, Limão Verde, Nioaque, Nossa Senhora de Fátima, Ofayé-Xavante, Pilad Rebuá e Taunay/Ipegue.

Na sexta (11), lideranças de várias etnias  entregaram uma carta direcionada ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, repudiando a militarização da Funai e exigindo a imediata revogação da medida que nomeou o coronel Sant’Anna e a recondução do coordenador anterior.

Assinaram a carta os povos Avá Canoeiro, Krahô, Xerente e Apinayé, do Tocantins, Aikana, Cassupá, Puruburá, Migueleno, Kujubin, Wayoro, Sakyrabiat, Karitiana, Mamaidê-Nambikuara, Uru Eo, Guarasugne, Cabixi e Kwaza, de Rondônia, e Guarani Kaiowa, Guarani Nhandeva, Terena e Kinikinau, do Mato Grosso do Sul,

No documento, entregue durante um ato em frente ao Ministério da Justiça (MJ), em Brasília (DF), os indígenas afirmam que a nomeação do coronel “é uma afronta à memória genocida de nossos povos”.

A medida causou indignação entre povos indígenas do Brasil inteiro “Chega de tutela, chega de autoritarismo”, criticam as lideranças na carta publicada no site do CIMI.

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