Audiência “Saneamento: Um Direito de Todos” propõe soluções para a destinação do lixo
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) participou nesta manhã (25), no auditório do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campo Grande, da audiência pública Saneamento: Um Direito de Todos, que reuniu a sociedade civil organizada e as propostas serão sistematizadas para a busca das soluções. “A audiência foi uma iniciativa da Arquidiocese, que procurou a Assembleia Legislativa e essa, convidou a Câmara de Vereadores para realização em conjunto dos debates já que saneamento, água, esgoto e resíduos sólidos são assuntos de responsabilidade de atuação dos municípios”, disse Kemp, proponente da audiência ao lado de Junior Mochi (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa.
Ainda conforme o deputado Pedro Kemp, a intenção foi reunir propostas para melhorar a qualidade de vida das pessoas em Campo Grande já que a destinação do lixo e o tratamento dos resíduos ainda não foram resolvidos. E diante dessa situação, “quando não se faz políticas públicas adequadas quem mais sofre são os mais pobres já que o Centro de Campo Grande é bem assistido de saneamento, coleta de lixo. E pela legislação, o saneamento é direito de todos”, completa.
Para Carioca, que trabalhava no Lixão na separação dos resíduos sólidos, o poder público precisa encontrar uma forma urgente que garanta o sustento dos que vivem da reciclagem. O impasse sobre a construção de casas para as famílias despejadas da área próxima ao Lixão, “Cidade de Deus”, também foi discutido.
O arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa durante a abertura dos debates disse que “a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (Tiago capítulo 2; versículo 17).
“Vamos através da Comissão Regional de Justiça e Paz, da CNBB, sistematizar as propostas e encaminhar para a Prefeitura”, disse Kemp.
“Acredito que a consciência em diminuir o consumismo é uma das formas de contribuirmos com a Casa Comum”, disse Kemp.
Para a 1ª secretária da Comissão Regional de Justiça e Paz, Margarida Cavalheiro, o atual sistema está ameaçando a vida e o sustento de muitas pessoas, em especial das famílias mais pobres. “A falta de saneamento básico tem atingido principalmente o desfavorecido, nossos irmãos da periferia. Muitas doenças estão se alastrando em decorrência da falta de saneamento”, disse. Já a defensora pública Olga Lemos Cardoso de Marco, “a falta de saneamento atinge o menos favorecido”. Dados apontam que apenas 24% da população têm acesso ao serviço essencial. “Alguns loteamentos que estão sendo abertos não possuem qualquer estrutura de esgoto. O cidadão está sem banheiro, fazendo as necessidades pessoais nos terrenos baldios. Há também a questão ambiental e social que envolve o lixão de Campo Grande. A coleta diária é de aproximadamente 750 toneladas de lixo residencial e domiciliar. Após o fechamento do aterro, foram desamparadas 400 famílias sustentadas com o material reciclado tirado do lixo”.
O engenheiro ambiental e professor Ariel Ortiz Gomes afirmou que obras de drenagem e a destinação correta dos resíduos sólidos são os principais e mais urgentes desafios. “O programa de drenagem consta no Plano Diretor de 2008”, lembra.
Mais desenvolvimento do saneamento representa menos gasto com saúde pública, alertou a engenheira agrônoma e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Mato Grosso do Sul, Fernanda Savicki. “Sabemos que são obras invisíveis, mas é impressionante quanto deixariam de onerar o SUS e ajudariam inclusive no controle do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Hoje, não há mais picos de epidemia porque ela é o ano inteiro”.
A audiência pública também foi feita em parceria com a Arquidiocese de Campo Grande e a Comissão Regional de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A sede dos debates aconteceu no auditório da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 traz como tema “Casa Comum, nossa responsabilidade, despertando a reflexão cidadã com relação à preservação ambiental”.