Em meio à sessão tumultuada, Pedro Kemp vai à tribuna e cobra Bancada Federal

Imagem: Kemp ocupou a tribuna para defender indígenas
Kemp ocupou a tribuna para defender indígenas
25/09/2015 - 07:45 Por: Jacqueline Lopes   Foto: Roberto Higa/ALMS

“Essa Casa tem que ouvir o clamor popular. Estou há 14 anos nesta casa e já fiz muitos debates aqui. No Mato Grosso do Sul, a solução só tem um caminho: a demarcação dos territórios e a indenização dos que detém títulos de boa fé. Ainda bem que os índios têm a solidariedade de vocês (…) Pergunto onde está a Bancada Federal de MS?”.

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Enquanto representantes dos movimentos sociais, militantes que se solidarizam no Facebook com a causa indígena, participaram e protestaram contra as mortes dos povos nativos em Mato Grosso do Sul, durante sessão tumultuada na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (24), o deputado estadual Pedro Kemp (PT), líder da oposição foi à tribuna e cobrou da Bancada Federal de Mato Grosso do Sul uma atitude responsável e concreta para buscar junto ao Ministério da Justiça o fim dos conflitos por terras no Estado.

Na entoada dos manifestantes, que são contrários a abertura da CPI para investigar o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), Kemp ressaltou que o requerimento apresentado pela representante da bancada ruralista, deputada Mara Caseiro (PT do B) não apresenta fato determinado a ser apurado.

“Mas, vamos participar dessa CPI e fazer com que ela não se transforme num palco político e ideológico e não seja um espaço para criminalizar os movimentos sociais e os indígenas”.

O parlamentar comparou o protesto dos manifestantes, que exibiam a todo tempo cartaz pedindo a CPI do Genocídio dos Povos Indígenas, ao já feito pelo produtores rurais na Assembleia, onde foram recebidos e puderam falar durante uma sessão que foi transformada em “audiência pública”.

“Essa Casa tem que ouvir o clamor popular. Estou há 14 anos nesta casa e já fiz muitos debates aqui. No Mato Grosso do Sul, a solução só tem um caminho: a demarcação dos territórios e a indenização dos que detém títulos de boa fé. Ainda bem que os índios têm a solidariedade de vocês (plateia formada pela sociedade civil organizada). Não queremos fazer o embate ideológico. Parabéns a vocês! É importante a manifestação dos movimentos sociais”.

O governo federal foi criticado pelo deputado estadual Eduardo Rocha (PMDB). Kemp disse que mesmo com os avanços sociais trazidos pelo Governo do PT, é inegável que a questão indígena não tem sido prioridade.

Ele contrapôs a deputada ruralista Mara Caseiro, que defende investigar o CIMI por entender que o Conselho Indigenista é o responsável pelas ocupações de fazendas. Novamente, Kemp frisou: “Cansei de participar das AtY Guassus e assembleias indígenas discutindo a omissão do Governo Federal. Em assembléias, eles decidem reocupar aquelas áreas que consideram seus territórios tradicionais. Mas,muitos não acreditam que os índios tenham capacidade de decidir. Acham que por trás dos índios tem sempre alguém, algum movimento”.

Kemp disse ainda que já viu nas aldeias os desabafos das lideranças. “Dizem: Estamos cansados de aguardar decisão da Justiça e ouvir ‘bla´blá blá’de ministro”.

Diante da sessão tumultuada marcada por vaias à bancada ruralista, Kemp alertou que já temia o acirramento dos ânimos após a instauração da CPI contra o CIMI, que segundo ele, tem sido defensor das lutas dos povos indígenas. “390 indígenas já foram assassinados em MS. E isso sim precisa ser investigado. Exigimos uma CPI do Genocídio e o fim da perseguição ao CIMI e às entidades sociais”.

O parlamentar ressaltou que o receio dele de risco de confronto e discussões que de nada ajudarão a solucionar o problema foi concretizado na sessão de hoje (24). “Enquanto nós nos digladiamos aqui, não olhamos para o foco do problema. O meu medo era isso, o acirramento dos ânimos”.

Por fim, a deputada Mara Caseiro ocupou a tribuna. Houve bate-boca entre a parlamentar e os representantes dos movimentos sociais. E após a sessão, o advogado Rogério Batalha foi abordado por um dos seguranças e houve confronto. A Polícia Civil investiga o caso, que marcou o primeiro dia em que os movimentos sociais se posicionaram contra a CPI do CIMI E foram até a Casa do Povo protestar.

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