Deputado propõe audiência pública para debater retenção de macas de ambulâncias

Imagem: Dr. Paulo Siufi (MDB) afirmou que os bombeiros registraram, em 30 dias, 102 casos de retenção dos equipamentos
Dr. Paulo Siufi (MDB) afirmou que os bombeiros registraram, em 30 dias, 102 casos de retenção dos equipamentos
27/11/2018 - 12:04 Por: Evellyn Abelha   Foto: Victor Chileno

O deputado Dr. Paulo Siufi (MDB) ocupou a tribuna durante a sessão desta terça-feira (27) para falar da preocupação com a retenção das macas de ambulâncias pelos hospitais em Campo Grande. O parlamentar afirmou que os bombeiros registraram, em 30 dias, 102 casos de retenção dos equipamentos para atender os pacientes das unidades hospitalares.

“Conversei com o presidente da Casa de Leis, deputado Junior Mochi (MDB), para fazermos uma audiência pública sobre o tema. O que estamos vendo é um deixa para depois, uma ‘empurroterapia’. Vamos chamar todos os envolvidos com a questão. Espero que a contribuição da Assembleia seja para forçarmos o empenho dos governantes e administradores. É inaceitável que vidas deixem de ser atendidas pelas unidades móveis, porque os hospitais estão retendo as macas de ambulância”, justificou Siufi.

O parlamentar falou dos prejuízos que a prática tem causado. “O tempo de atendimento das ambulâncias está dilatado por não termos os veículos em condição, faltando maca. Com o leito retido, não tem o socorro que pode salvar vidas ou diminuir sequelas. Pode ter certeza, se alguém aqui precisar do socorro, vai passar pela mesma situação e não vai conseguir vaga. Não adianta dizer que tem plano de saúde, porque o SUS [ Sistema Único de Saúde] quando não tem leito o órgão gestor tem que pagar uma unidade particular, superlotando o sistema”, disse.

Autor de uma lei municipal que proíbe a retenção de macas das ambulâncias pelos hospitais, o deputado reclamou da falta de fiscalização para o cumprimento da norma. “Em 2012, quando fui vereador, foi publicada a Lei 5.170 de minha autoria e da então vereadora Grazielle Machado. Naquela época já havia retenção, se isso ainda acontece é porque não há fiscalização das leis. É duro para a população ter esperança de um socorro e o socorro não chegar, de precisar de uma transferência para melhorar o atendimento e ele não ocorrer”, constatou o parlamentar.



Para o deputado Cabo Almi (PT), é preciso uma soma de esforços na resolução do problema. “A tendência é piorar, tem que ter assistência por parte do poder público, não vejo que tudo é responsabilidade do SUS, tem que somar com as prefeituras e o governo. Muito do que acontece é imperícia e negligência do poder público. O que está acontecendo na saúde é crime. Enquanto alguém não for penalizado, não vai resolver”, afirmou.

O deputado Barbosinha (DEM) defendeu a redistribuição de responsabilidades na gestão da saúde e dos investimentos dos governos. “O orçamento do Governo Federal para a saúde é de 4% e do município é de no mínimo 15%. Precisamos discutir a distribuição dessa receita e analisar a saída dos municípios da política da universalidade para que eles fiquem somente com a saúde básica. Hoje, a responsabilidade maior fica nas costas dos gestores municipais sem que exista contrapartida”, ponderou. Barbosinha falou ainda do caso da retenção de macas. “Isso é um boicote às unidades de resgate, uma forma de dificultar que as pessoas sejam levadas para a rede pública de saúde”, alegou.

Siufi encerrou o debate fazendo um alerta. “As macas das ambulâncias não podem ficar retidas. A situação vai piorar, porque vêm as festas de fim de ano e as férias, quando os acidentes ficam mais sérios, aumentando o número de atendimento. Os investimentos têm que ser feitos de forma correta. Se não tivermos investimentos não adianta falar em saúde. O caos está instalado”, finalizou.

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