Deputado propõe audiência pública para debater retenção de macas de ambulâncias
O deputado Dr. Paulo Siufi (MDB) ocupou a tribuna durante a sessão desta terça-feira (27) para falar da preocupação com a retenção das macas de ambulâncias pelos hospitais em Campo Grande. O parlamentar afirmou que os bombeiros registraram, em 30 dias, 102 casos de retenção dos equipamentos para atender os pacientes das unidades hospitalares.
“Conversei com o presidente da Casa de Leis, deputado Junior Mochi (MDB), para fazermos uma audiência pública sobre o tema. O que estamos vendo é um deixa para depois, uma ‘empurroterapia’. Vamos chamar todos os envolvidos com a questão. Espero que a contribuição da Assembleia seja para forçarmos o empenho dos governantes e administradores. É inaceitável que vidas deixem de ser atendidas pelas unidades móveis, porque os hospitais estão retendo as macas de ambulância”, justificou Siufi.
O parlamentar falou dos prejuízos que a prática tem causado. “O tempo de atendimento das ambulâncias está dilatado por não termos os veículos em condição, faltando maca. Com o leito retido, não tem o socorro que pode salvar vidas ou diminuir sequelas. Pode ter certeza, se alguém aqui precisar do socorro, vai passar pela mesma situação e não vai conseguir vaga. Não adianta dizer que tem plano de saúde, porque o SUS [ Sistema Único de Saúde] quando não tem leito o órgão gestor tem que pagar uma unidade particular, superlotando o sistema”, disse.
Autor de uma lei municipal que proíbe a retenção de macas das ambulâncias pelos hospitais, o deputado reclamou da falta de fiscalização para o cumprimento da norma. “Em 2012, quando fui vereador, foi publicada a Lei 5.170 de minha autoria e da então vereadora Grazielle Machado. Naquela época já havia retenção, se isso ainda acontece é porque não há fiscalização das leis. É duro para a população ter esperança de um socorro e o socorro não chegar, de precisar de uma transferência para melhorar o atendimento e ele não ocorrer”, constatou o parlamentar.
Para o deputado Cabo Almi (PT), é preciso uma soma de esforços na resolução do problema. “A tendência é piorar, tem que ter assistência por parte do poder público, não vejo que tudo é responsabilidade do SUS, tem que somar com as prefeituras e o governo. Muito do que acontece é imperícia e negligência do poder público. O que está acontecendo na saúde é crime. Enquanto alguém não for penalizado, não vai resolver”, afirmou.
O deputado Barbosinha (DEM) defendeu a redistribuição de responsabilidades na gestão da saúde e dos investimentos dos governos. “O orçamento do Governo Federal para a saúde é de 4% e do município é de no mínimo 15%. Precisamos discutir a distribuição dessa receita e analisar a saída dos municípios da política da universalidade para que eles fiquem somente com a saúde básica. Hoje, a responsabilidade maior fica nas costas dos gestores municipais sem que exista contrapartida”, ponderou. Barbosinha falou ainda do caso da retenção de macas. “Isso é um boicote às unidades de resgate, uma forma de dificultar que as pessoas sejam levadas para a rede pública de saúde”, alegou.
Siufi encerrou o debate fazendo um alerta. “As macas das ambulâncias não podem ficar retidas. A situação vai piorar, porque vêm as festas de fim de ano e as férias, quando os acidentes ficam mais sérios, aumentando o número de atendimento. Os investimentos têm que ser feitos de forma correta. Se não tivermos investimentos não adianta falar em saúde. O caos está instalado”, finalizou.
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