Deputados comentam indicação de ministra e investigação envolvendo família Bolsonaro

Imagem: Deputado Amarildo Cruz foi o primeiro à subir na tribuna para questionar o futuro do país
Deputado Amarildo Cruz foi o primeiro à subir na tribuna para questionar o futuro do país
11/12/2018 - 12:04 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Victor Chileno

O futuro do país foi tema de discussão no Grande Expediente durante a sessão ordinária ­desta terça-feira (11), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O primeiro a subir na tribuna foi o deputado Amarildo Cruz (PT), que pediu uma “reflexão sobre o que é ser um país sério”.

Ele relembrou discursos acirrados do eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), contra a corrupção e questionou o fato de seu filho, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), atualmente deputado estadual e eleito senador, estar sendo investigado pelo Ministério Público por movimentações bancárias suspeitas a um ex-assessor, quem também teria supostamente transferido dinheiro indevidamente à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

“Como fica essa história? Ali tem provas documentais e ninguém vai fazer nada? Isso não existe em um país sério. Se discutiu tanto em uma mudança ao país, mas, longe de ser pessimista, é duro acreditar que algo vai melhorar quando vem uma pessoa que sequer tem um grande projeto, que bate continência à outra bandeira [dos EUA] em evento, que para debater está doente, mas para comemorar título de futebol está ótimo, que nomeia pessoas investigadas para os ministérios”, argumentou Amarildo Cruz.

O deputado Pedro Kemp (PT) concordou. “Não estamos indo contra. Estamos fazendo uma constatação. Ministros com bens bloqueados, provas contra o futuro senador e o povo sendo feito de bobo. Eu digo, esse governo acabou antes de começar. Não são elucubrações, são provas. Isso é muito grave”, afirmou.

Maurício Picarelli (PSDB) disse que haverá oposição e questionou o futuro, caso Jair Bolsonaro perca o cargo. “Tudo será investigado, ele terá forte fiscalização do Congresso também, mas se for destituído voltaria o PT? Deus queira que não estejamos errados e torceremos por um bom governo”, declarou. Amarildo Cruz interveio. “Qual seria o problema? Melhor do que sofrer quatro anos. O PT criou as grandes políticas públicas que deram dignidade a muitos desse país e diminuiu a desigualdade social”, enfatizou.


Demais deputados falaram em aparte

Zé Teixeira (DEM) pediu paciência para avaliar o novo governo. “Bolsonaro foi escolhido pela maioria que votou, na esperança da mudança, por um país que precisa de reformas. Agora vamos esperar que ele entre de fato e governe para ver. Quem sabe teremos uma surpresa”, ponderou.

Ministério

Os parlamentares também comentaram o convite a Damares Alves para ser ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos a partir de 1º de janeiro. Herculano Borges (SD) elogiou o currículo da futura ministra. “Tem mestrado, tem um bom trânsito com todos, pois foi consultora de frente parlamentar no Congresso, defende os Direitos Humanos como ninguém e tem os valores da família. Dou todo o apoio”, disse.

Lidio Lopes (Patri) também enalteceu o nome de Damares. “A melhor das escolhas. Ela tem um história de vida que teve que vencer um estupro que a deixou impossibilitada de ser mãe; adotou uma criança indígena que seria vítima de infanticídio; tirou mais de 500 crianças da rua com projetos sociais e advoga voluntariamente à mulheres vítimas de violência doméstica. Ou seja, uma pessoa fantástica, que defende as mulheres”, disse.

O deputado João Grandão (PT) pediu cautela. “Não é porque se tem um filho adotado indígena que vai salvar a Funai do desmonte que está sendo criado. Aqui fizemos uma CPI em que mostramos o massacre aos índios e se olharmos o contexto é preciso mudar essa violência. Vamos esperar que sim”, finalizou.

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