Comissão acompanhará pedido para suprimir parte da mata do Parque dos Poderes

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Audiência Pública debateu a importância da preservação ambiental no Complexo dos Poderes
14/05/2019 - 22:46 Por: Christiane Mesquita   Foto: Wagner Guimarães

Entre os principais encaminhamentos do da audiência pública “Impactos Ambientais no Complexo do Parque dos Poderes”, realizada nesta noite (14), a partir das 19h, no Plenário Júlio Maia, por proposição do deputado estadual Felipe Orro (PSDB), vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, estão à formação de uma comissão com representantes de todos os atores envolvidos com a questão ambiental para acompanhar o processo de petição do Governo do Estado com a finalidade de suprimir a mata nativa para construir um estacionamento para a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).


Sociedade mobilizada em prol do meio ambiente

Este importante debate que mobilizou a sociedade sul-mato-grossense mais uma vez é resultado da interlocução do parlamentar junto ao coletivo de ambientalistas e artistas denominado Movimento Preservação da Natureza, que defendem a proteção ambiental do Parque dos Poderes, do Parque das Nações Indígenas, entre outros locais de Campo Grande, e fez novamente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul um grande palco para a questão ambiental, amplamente debatida no Estado.

O deputado estadual Felipe Orro (PSDB) considerou o passo tomado hoje pelo governo do Estado um avanço. “Exatamente hoje foi anunciada a liberação de recursos para o desassoreamento do lago no Parque das Nações Indígenas. Também formamos hoje uma comissão hoje para acompanhar a aplicação desta lei de preservação do Complexo do Parque dos Poderes, pois ela criou um regramento que ainda não existia, mas que infelizmente acabou criando muitas brechas. Será necessário então estudo de impactos”, considerou.

O engenheiro Moacir Saturnino Lacerda, fundador do Grupo Acaba Cantadores do Pantanal comentou sua trajetória. “Sou defensor do meio ambiente desde 1966 e atuo na defesa do Pantanal, além disso com a letra de uma música nossa participamos da Conferência Mundial do Meio Ambiente (Rio 92)”, declarou.

O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, engenheiro Aroldo Ferreira Galvão, falou dos fatores que prejudicam o meio-ambiente. “A superpopulação, as manchas urbanas, o assoreamento, o desmatamento, as mudanças climáticas que estão alterando o regime das chuvas, o baixo investimento em obras de drenagem urbana e dragagem de rios, córregos e lagos. É preciso então adotar soluções técnicas a partir de diagnóstico prévio e realizar projetos técnicos de engenharia, buscando novas tecnologias e séries de medidas no âmbito do domicílio e vias públicas para implementar permeabilidade por meio de pisos ou jardins”, registrou.

A artista plástica Rosane Bonamigo revelou um problema antigo de assoreamento no bairro Jardim Noroeste. “A prefeitura municipal sempre passa a máquina ali, o que deixa as ruas cada vez mais baixas, e quando chove toda a terra depositada ao lado das pistas retorna às ruas. O Córrego Pedregulho também é uma grande preocupação, pois o seu assoreamento também prejudica o entorno”, explicou.

O coordenador do Programa Cerrado Pantanal da Organização não Governamental (Ong) WWFBrasil, Julio Cesar Sampaio, comentou o impacto que ele teve com as fortes cenas das últimas chuvas em Campo Grande. “Os carros submersos me assustaram, além de outras situações. É muito importante a discussão sobre o cuidado com a área assoreada do Parque das Nações Indígenas. Quando olho para o mapa de Campo Grande e todo o complexo de vegetação ligado ao Parque dos Poderes, incluindo o Parque dos Poderes, ele funciona como um amortecimento para as chuvas. É prioridade a conservação de ambientes como este”, ressaltou.

O engenheiro Caio Áspet, participante da Ong Banana Terra/Greenpeace, falou dos impactos de possível desmatamento no Parque dos Poderes. “O Parque dos Poderes é um dos últimos remanescentes de vegetação nativa. Se tirar a cobertura vegetal que existe neste local [pleito do Governo do Estado] do Complexo do Parque dos Poderes, que já está todo fragmentado, acontece o assoreamento e teremos depois que investir muito em infraestrutura. Não podemos desmatar, mais de 11 mil pessoas estão comigo contra o desmatamento do Complexo do Parque dos Poderes, até pessoas do exterior nos dando força, a nossa futura geração”, registrou.

A bióloga e educadora ambiental, Simone Mamede, acrescentou que os impactos na biodiversidade das matas do Parque dos Poderes são enormes. “A ave símbolo daqui é Arara-Canindé, além de muitas espécies. Não temos uma lista de espécies de aves ameaçadas em Mato Grosso do Sul, o gavião-pega-macaco certamente seria. Precisamos destas áreas contínuas protegidas e conservadas, Campo Grande tem sido reconhecida como capital para a observação de aves nas áreas urbana e periurbana, uma delas é o Parque dos Poderes, que está sendo ameaçada pelo desmatamento.  Entre as nossas reivindicações estão a criação do bosque das aves, alternativas arquitetônicas sustentáveis com o mínimo impacto possível, retorno dos ônibus para os servidores, o tombamento definitivo do Complexo do Parque dos Poderes, e os estudos dos reais impactos para a cidade, até que os estudos sejam feitos nenhuma área deve ser suprimida.


Defensores do meio ambiente e das aves do cerrado 

Também participaram do debate os vereadores Vinicius Siqueira (DEM) e Eduardo Romero (REDE), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Campo Grande, representantes do Imasul, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul Ambiental (CREA).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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