Sextou na ALMS debate feminicídio e como a sororidade pode salvar vidas

Imagem: Formas pelo fim da cultura machista e valorização das mulheres foram debatidas pelo público presente
Formas pelo fim da cultura machista e valorização das mulheres foram debatidas pelo público presente
28/06/2019 - 12:39 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Luciana Nassar

O Sextou na ALMS, projeto da Escola do Legislativo Senador Ramez Tebet, trouxe na manhã de hoje (28) o debate sobre feminicídio a servidores da Assembleia Legislativa e da Cassems, parceira no evento realizado no Plenário Júlio Maia.

Foram duas palestras que trouxeram os números assustadores da violência doméstica e homicídios contra mulheres. A cada 11 minutos uma é estuprada no Brasil. A cada duas horas uma mulher é assassinada e outras cinco são espancadas a cada dois minutos, deixando o país em patamares de níveis em locais em guerra.


Promotora Luciana Rabelo apresentou os números da violência

Os dados foram apresentados pela promotora de Justiça do Ministério Público do Estado, que atua na Casa da Mulher Brasileira, Luciana do Amaral Rabelo. Segundo a promotora, o feminicídio é um crime de responsabilidade de Estado e de sociedade. Em 2015, quando inaugurou a Casa, foram notificados 17 feminicídios. Em 2019 já somam 20 casos tipificados.

“Esse é um número preocupante. Por outro lado, dos crimes ocorridos entre 2015 a 2018, 41 já foram julgados e condenados. Não se deve tolerar mais esse crime de ódio, pelo fato da mulher ser mulher, por ela querer ser livre, por ela querer separar, por querer sair do abuso psicológico. Há em média 13 reportagens por dia no país que comprovam isso, em que mulher é morta por não fazer o jantar, morta por ciúmes, morta por querer trabalhar”, afirmou a promotora.

Luciana ainda explicou que para reverter isso é preciso encorajar as mulheres a denunciar, cobrar mais empenho do poder público no cumprimento das leis, no suporte com mais delegacias, investigações e punições. “Também é preciso do feminismo, um movimento político, filosófico e social, que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres, pois hoje vivemos relações desiguais, com sentimento de posse e desrespeito”, argumentou a promotora.


Ricardo Ayache e Maria Budid também discursaram

A outra palestrante foi a médica ginecologista e diretora da Assistência à Saúde da Cassems, Maria Auxiliadora Budib, que trouxe o alerta de que a violência muitas vezes decorre no núcleo familiar: esposos que matam as companheiras, filhos que espancam as mães, pais que abusam de filhas. Para tanto é preciso quebrar o ciclo da sociedade opressora.

“É desde a sogra machista ao pai que passa a mão na cabeça de filho que aprontou. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Ajude a amiga que precisa, que desabafa com você, que está sofrendo isso, com aquele ‘papo reto’. É preciso denunciar. Precisa ainda de uma ação de educação permanente, para entender a importância do amor, do acolhimento, da sororidade. De ódio o mundo está cheio”, ponderou a médica.

O diretor-presidente da Cassems, Ricardo Ayache, disse do orgulho de ter 75% do quadro de funcionários composto por mulheres e elogiou a iniciativa do Sextou na ALMS. “Esse é um tema muito relevante e dá a oportunidade de debater os aspectos culturais que permeiam a violência. Precisamos combater o machismo, investir na valorização da mulher na sociedade com ações persistentes como a de hoje”, considerou.


Ben-Hur destacou a importância dos debates no Sextou

Peça ajuda e denuncie

O gerente da Escola do Legislativo, Ben-Hur Ferreira, agradeceu a participação de todos. “O Sextou traz temas que mexem com a gente. Mais um fortalecimento da civilização contra a barbárie”, destacou o gerente que divulgou ainda o trabalho da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher para o fortalecimento de políticas públicas e o Apoio Legal, um profissional da Escola do Legislativo qualificado para ouvir a servidora do Parlamento que esteja procurando ajuda e terá o devido encaminhamento.

Em caso de presenciar uma situação de violência doméstica ou tentativa de feminicídio ligue diretamente para a Polícia Militar pelo 190 para socorro imediato. Para denúncia – que pode ser anônima – ligue para a Central Atendimento à Mulher em Situação de Violência pelo 180 ou a leve para a Casa da Mulher Brasileira, na Rua Brasília, quadra 2, no Jardim Imá, que tem atendimento 24 horas por dia e também atende pelo telefone: (67) 2020-1300.

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