Sextou na ALEMS: saiba os sintomas e como ajudar em casos de depressão

Imagem: Sextou na ALMS é uma iniciativa da Escola do Legislativo em prol da qualidade de vida do servidor
Sextou na ALMS é uma iniciativa da Escola do Legislativo em prol da qualidade de vida do servidor
27/09/2019 - 12:19 Por: Fernanda Kintschner   Foto: Luciana Nassar

Com o intuito de melhorar a qualidade de vida do servidor, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) proporcionou mais uma edição do Programa Sextou, realizado pela Escola do Legislativo Ramez Tebet, dessa vez com o tema O Servidor Público e a Depressão: Reflexões sobre a Prevenção, Sinais e Tratamento, em alusão às ações do Setembro Amarelo.

Duas palestrantes guiaram o debate no Plenarinho Nelito Câmara nesta sexta-feira (27): a psicóloga e pedagoga Daniele Xavier e a neurocientista Glaucia Benini. Elas enfatizaram a importância de atentar a alguns sinais psicológicos:

- falta de interesse em coisas antes prazerosas; - ansiedade (mãos suando, frio na barriga, taquicardia, apertamento no peito); - agressividade e respostas violentas; - falta de foco e concentração (letargia); - tudo parece ser 10 vezes pior do que realmente é; - melancolia; - isolamento; - neuroses e angústias (me sinto bem no trabalho?); - negação de que algo está acontecendo e que é preciso ajuda.

Sintomas físicos mais comuns:

- insônia; - impotência sexual ou falta de libido; - problemas na tireoide; - pressão alta; - problemas intestinais; - cansaço/esgotamento físico (e a Síndrome de Burnout – "queimar por dentro"); - gastrites.


Daniele e Glaucia explicaram os sintomas e sinais

Remédio e terapia

Segundo a neurocientista, a depressão traz um desequilíbrio ao corpo, podendo ser hereditária em 40% dos casos, e deve ser tratada aliando a Psicologia e a Psiquiatria. “Na maioria dos casos é preciso o uso de medicamentos para corrigir esse desequilíbrio, pois o depressivo se vê sem saída e tem saída. Se você encontra alguém com um problema físico, que se não procurar um pronto socorro ela vai morrer e você corre com ela ao pronto socorro, por que não fazer isso também pela saúde mental?”, questionou Glaucia Benini.

A psicóloga concordou. “Temos que olhar para o sujeito como um todo, em sua complexidade e compreender que é preciso cuidar do mental. O sistema muitas vezes não colabora, o ambiente de trabalho não dá o suporte necessário, mas é preciso vencer a barreira do tabu e da negação”, ressaltou Daniele Xavier, que alerta para os inúmeros casos de suicídio, consequentes da depressão não tratada e prevenida.


O encontro ocorreu no Plenarinho Nelito Câmara

Alguns servidores confirmaram que já passaram por quadros depressivos. “Voltei de uma recente cirurgia de câncer de tireoide e ainda me sinto mentalmente frágil. Não queremos mostrar, queremos vir, trabalhar, nos sentir úteis, mas como ainda estou em tratamento me sinto precisando de apoio. Muitas vezes não queremos ver a depressão como doença, mas ela é”, disse Telma Justi, servidora da Secretaria de Assuntos Legislativos e Jurídicos.

O tenente Tagino, da assessoria militar da Casa de Leis também usou a fala para relembrar que  muitos homens se negam a pedir ajuda. “Essa questão da masculinidade e da pressão de ser o provedor faz com que tenhamos muitos casos de depressão e consequentes suicídios. Na Polícia Militar já tivemos quatro só esse ano, todos homens. Há muitos trabalhando doentes. O serviço desgastante, a falta de apoio e a barreira mental nos faz repensar a doença”, considerou.

Como ajudar e buscar apoio

As profissionais citaram formas de ajudar ou buscar ajuda:

- acolher o colega de trabalho, ouvindo-o e encaminhando para profissionais e, se necessário, procurando a família dele para alertar sobre o quadro; - se tiver alguém depressivo na família, a família também precisa de ajuda e suporte profissional; - dialogar sobre saúde mental sempre que possível para quebrar os tabus que envolvem a depressão; - entender que não pode interromper tratamento médico e psicológico sem o aval do profissional; - perceber se o líder está adoecendo todo um grupo é preciso encaminhá-lo ao tratamento também; - não tomar os problemas dos outros como seus, a ponto de adoecer junto.

Na ALEMS

Na Assembleia Legislativa, há o espaço Apoio Legal, em que uma psicóloga da Escola do Legislativo Ramez Tebet está à disposição para a escuta ativa do servidor e os encaminhamentos necessários, basta ir ao setor. Para o coordenador da Escola do Legislativo, Ben-Hur Ferreira, este Sextou na ALEMS foi mais uma oportunidade de reflexão.

“Somos seres humanos em formação, em todas as dimensões, técnicas e existenciais e esse é o objetivo do Sextou, ampliar a discussão sobre as coisas que não há escola para ensinar, por exemplo, como lidar com o luto, a depressão, uma separação, ninguém ensina como ser pai, como ser mãe, esposa ou esposo. Nosso projeto é abrir uma roda de conversa leve, mas profunda e por isso agradeço imensamente a presença de todos”, finalizou Bem-Hur.

Uma audiência pública já foi realizada para debater o tema – reveja aqui. Alguns projetos de leis estão em tramitação na Casa de Leis confira-os aqui ou buscando na barra de pesquisa das notícias por Setembro Amarelo.

Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.
Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.