No primeiro "Parlamento Kids", crianças discursam por um mundo melhor

Imagem: Crianças deram show de fofura e de consciência social, ambiental e política na Assembleia Legislativa
Crianças deram show de fofura e de consciência social, ambiental e política na Assembleia Legislativa
07/10/2019 - 17:25 Por: Osvaldo Júnior   Foto: Luciana Nassar

Um mundo sem discriminação, sem violência, sem queimadas, com respeito ao meio ambiente, mais humano... foi pintado, com fortes tons de democracia, por crianças, que “afofuraram”, na tarde desta segunda-feira (7), o Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). Não se trata de garatujas, mas de desenhos com contornos bem definidos por consciência ambiental, social e política. Os “pequenos deputados” participaram do Parlamento Kids, ação inédita da Escola do Legislativo Senador Ramez Tebet.


Júlia e Bruna, as irmãs que tiveram a ideia do Parlamento Kids

O plenário, o microfone, a tribuna, as cadeiras, as fotos... tudo era delas. Inclusive a ideia do evento foi delas. “A gente tava saindo da escola e minha mãe teve que trazer a gente pra cá, pra Assembleia. A gente ficou fazendo tarefa. Aí a gente pensou assim: ‘Por que não tem Parlamento Kids?’ Minha mãe falou: ‘É verdade’”, contou Bruna Gomes do Prado, de dez anos, filha de Ana Claudia Gomes do Prado, que trabalha na Casa de Leis. Júlia Gomes, de oito anos, que também participou da ideia, completa: “Aí minha mãe falou que a gente era minideputada e a gente gravou o vídeo”.

O vídeo, gravado por uma servidora da Escola do Legislativo, foi mostrado ao coordenador do setor, Ben-Hur Ferreira, que não só gostou da ideia, como tomou as providências, juntamente com sua equipe, para concretizá-la. Assim, o que seria uma sessão do projeto Parlamento Jovem se transformou na primeira sessão do Parlamento Kids. Aproximadamente, 20 crianças, entre filhos, sobrinhos, amigos de servidores e de deputados, ocuparam a tribuna e deram seus recados – lembraram aos adultos o que é muito importante para ser esquecido: a construção necessária de um mundo de respeito ao outro e ao planeta.


Alice e Maria: discursos contra o bullying e a favor da natureza

“Antes de esperar que alguém faça, faça você. Tudo que a gente foca cresce”, discursou Luiz Gabriel Gonzales, nove anos, abrindo os trabalhos. Alice Miguel Barbosa, oito anos, fez um apelo à cultura da paz, sem bullying. “Eu quero que as brigas parem, porque tem muita gente que se machuca com o bullying”, disse a pequena Alice, em defesa de um “país das maravilhas” e possível de ser concretizado.

Bruna, que sugeriu a ideia do Parlamento Kids juntamente com a irmã, Júlia, também subiu à tribuna e pediu mais igualdade entre as pessoas. Bruno Lopes, 11 anos, filho do deputado Lídio Lopes, mostrou consciência ambiental. “Eu quero um Brasil sem queimada, sem desmatamento”, discursou. O caçula dos "parlamentares kids", Davi Lima Rotta, de apenas três anos, falou algo que não ficou muito claro, exceto as palavras “quero” e “brinquedo”.


O caçula dos pequenos deputados, Davi, disse algo sobre brinquedos 

Um “caros colegas” deu tom formal, sem tirar a beleza infantil, ao discurso de Gabriel Borges, de oito anos, filho do deputado Herculano Borges. Depois de saudar os pequenos colegas parlamentares, Gabriel comprometeu-se a estudar bastante e a obedecer aos pais e pediu o mesmo aos demais. Formalidade não está entre as preocupações de João Davi Húngaro Passos, oito anos, que foi objetivo e curto em seu discurso: “Quero mais feriados na escola”.

No mundo desenhado e reivindicado pelas crianças sobressai a cor verde. A sustentabilidade foi lembrada por diversas delas, entre as quais estava Júlia Gomes do Prado (uma das “idealizadoras” do evento). “O meio ambiente é responsabilidade de todos”, disse.

Pedidos semelhantes fizeram Miguel Davi Passos, de dez anos, e Maria Vitória Nassar, de sete. “Quero um Brasil com menos poluição e com mais árvores”, disse Miguel. “Eu desejo que todos respeitem a natureza, os animais e tudo que estiver em sua volta”, discursou Maria Vitória. E finalizou: “Também desejo que todos respeitem os mais velhos”.


Recado de Ana Beatriz, por um mundo mais sustentável

A importância do esporte foi enfatizada por Kauã Abner Loureiro dos Santos, 11 anos, um pequeno jogador e, possivelmente, uma promessa para o futebol brasileiro. “Quero mais qualidade na educação e mais incentivo ao esporte”, discursou, com desenvoltura e vestido com camiseta de seu time. Giovanna Rizk, seis anos, com pouca idade e muita visão, reuniu diversos temas em seu discurso. “Quero um mundo com menos violência, que as pessoas se preocupem mais com o meio ambiente e que tenham oportunidades para o futuro de todas as crianças”, reivindicou.

Lorenzo Lima Rotta, seis anos, que soltou um “até que enfim” quando ouviu seu nome, também foi direto em sua fala: “Muita paz, amor e igreja... E acabou”. Igualmente objetiva, Maria Cecília, de nove anos, mostrou consciência crítica ao pedir: “Quero um Brasil mais justo e mais humano”.

Mesmo quem não esteve presente deixou o seu recado. Esse foi o caso de Ana Beatriz Kraemer de Mello Kohl, de sete anos: “Economizar água, não cortar as árvores e que as crianças não trabalhem”. E despediu-se assim: “Beijos da Ana Bê”.

Os discursos foram fechados com palavras de ânimo de Roberta Sara Valençuela, de 13 anos, que falou sobre a importância do Legislativo. “Nós nascemos para sermos vencedores. Mas para sermos vencedores, precisamos planejar a nossa vitória. E uma dessas vitórias está aqui em cada um desses deputados que nos representa”, discursou.

Encerrados os trabalhos, Ben-Hur cantou com a criançada e fez um convite: “Estão preparando um lanche gostoso para vocês. Daqui a pouco, vamos lá”. Um dos pequenos parlamentares, possivelmente já tomado pela fome, quis se certificar. Levantou-se, foi até o coordenador e perguntou: “Você disse o quê?”

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