Frente Parlamentar buscará em Brasília apoio para pesquisas contra a tríplice epidemia

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Em reunião da Frente Parlamentar, pesquisadores de universidades de MS apresentaram resultados de estudos
16/10/2019 - 17:00 Por: Osvaldo Júnior   Foto: Wagner Guimarães

Pesquisas de universidades públicas de Mato Grosso do Sul, que contribuem para o combate das doenças causadas pelo Aedes aegypti, tropeçam na falta de recursos. O problema foi discutido durante a reunião da Frente Parlamentar de Enfrentamento à Tríplice Epidemia: Dengue, Zika e Chikungunya, realizada na tarde desta quarta-feira (16) no Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa. Como principal encaminhamento, ficou decidido que a Frente enviará documento ao ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, solicitando apoio financeiro para continuidade dos estudos.


Deputado Renato Câmara, coordenador da Frente Parlamentar

Acompanhamento de mães, diagnosticadas com Zika vírus durante a gravidez, e de seus filhos, por equipe de médicos de várias especialidades e um estudo para produção de detergente que elimina larvas do Aedes aegypti enfrentam problema da falta de recursos. As pesquisas, desenvolvidas por universidades públicas de Mato Grosso do Sul, foram apresentadas durante a reunião, presidida pelo deputado Renato Câmara (PSDB), coordenador da Frente Parlamentar de Enfrentamento à Tríplice Epidemia. Além da busca de recursos no Ministério da Saúde, também ficou definido que serão discutidos caminhos para a realização de exames para o Zika em gestantes.

Zika vírus em gestantes e as consequências para os filhos

Em pouco tempo, o Zika vírus apresentou crescimento expressivo, espalhando-se por várias partes do mundo, conforme explicou o professor doutor Everton Falcão de Oliveira, que coordena o projeto “Clínica e epidemiologia de gestantes e nascidos com infecção pelo Zika vírus no Estado”, desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A doença, que chegou ao Brasil em 2015, causa grande preocupação em gestantes.

De acordo com o professor, o bebê, nascido de mãe com Zika vírus pode apresentar diversas anomalias, com destaque à microcefalia, e outras, como paralisia cerebral, hidrocefalia, comprometimento auditivo, alterações do tônus muscular, alterações cognitivas, hiperirritabilidade.


Everton Falcão apresentou estudo com foco em gestantes

O estudo, apresentado pelo professor Everton de Oliveira, tem como objetivo realizar o acompanhamento das mães com Zika vírus e de seus filhos, identificados a partir dos dados do Registro de Eventos em Saúde Pública (Resp). Conforme essa fonte, foram registrados, em todo o país, de 2015 a 2018, 17.041 casos de síndrome congênita possivelmente associada ao Zika vírus ou outras doenças.

Em Mato Grosso do Sul, foram 72 casos no mesmo período (2015 a 2018), conforme o professor. Desses, dez crianças morreram antes do parto e 29 casos foram descartados para síndrome congênita. Das 33 mães restantes, 14 participaram do estudo (as demais se recusaram). Desses casos, nove foram confirmados para Zika vírus e os demais, considerados suspeitos.

Com recursos próprios (da UFMS e dos pesquisadores envolvidos), a universidade acompanha cinco mães. Por questões financeiras, não é possível acompanhar todas. Entre as atividades desenvolvidas com essas mães, estão o atendimento interprofissional (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutricionista, psicologia, enfermagem, serviço social), educação em saúde (continuidade da estimulação precoce em casa, orientação nutricional, orientação quanto a higienização, etc.) e garantia de direitos (orientação sobre benefícios e direitos).

O problema para a continuidade do projeto, de acordo com o professor, é, sobretudo, financeiro. São necessários recursos para transporte das mães e crianças aos locais de atendimento, para insumos de laboratório para coleta de material biológico (sangue), para insumos e reagentes usados na realização dos exams e para equipamentos. As despesas são custeadas, principalmente, através de rateios mensais feitos pelos profissionais participantes do projeto.

Detergente de castanha de caju para combater o mosquito


Bruno Crispim falou sobre pesquisa desenvolvida pela UFGD

Outro estudo, apresentado nesta tarde e que também esbarra na questão financeira, é da produção de um detergente para o combate de larvas do Aedes aegypti. A pesquisa, desenvolvida pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), foi apresentada pelo professor Bruno do Amaral Crispim. O produto é feito à base de Líquido da casca de Castanha de Caju técnica (LCCt). “Esse líquido é liberado durante a tostagem da castanha do caju. Trata-se, então, de uma produção em larga escala, mas com baixo valor agregado”, considerou.

O professor explanou sobre as etapas do estudo, iniciado em 2016, e disse que o produto apresenta atividade larvicida para o Aedes aegypti, é multifuncional e seguro ambientalmente. Mesmo com a fórmula de um detergente convencional (ácido sulfônico, amida, soda e formol), o produto continuou eficiente no combate às larvas do mosquito. “O detergente poderá ser usado na limpeza de calçadas, da casa”, detalhou. Mas para isso é preciso verificar a toxidade em seres humanos.  

O estudo, que já foi reconhecido internacionalmente com prêmio em evento realizado no Paraguai, encontra-se na fase de semicampo e campo. “São necessários concluir os ensaios de seguridade ambiental e recursos e parceiros para ensaios que avaliem a seguridade humana dos produtos”, acrescentou o professor. O maior problema para a continuidade do projeto é financeiro.

Novembro, mês de combate à tríplice epidemia

Durante e depois das palestras, os participantes apresentaram propostas e discutiram ações relativas a novembro, mês de enfrentamento à tríplice epidemia (Dengue, Zika e Chikungunya), instituído pela Lei 5.370/2019. Ficou definido que cada entidade, integrante da Frente, ajudará na divulgação da campanha e em outras ações de prevenção à tríplice epidemia.

 

 

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