Deputado Amarildo Cruz debate proibição de bebidas na estrada com entidades
09/04/2008 - 17:41
Por: Talitha Moya
Foto: Roberto Higa
Para o coordenador geral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192), José Eduardo Cury, existe hoje uma epidemia de violência no trânsito. De acordo com o médico, ocorre na capital uma média de 400 acidentes por mês, sendo que metade representa automóveis e a outra biciletas e motos. "Das ocorrências que recebemos a partir das 18 horas, 90% dos envolvidos nos acidentes estão alcoolizados, a partir das 23 horas esse índice chega a 100%, já nos finais de semana isso se agrava", contou. O coordenador apontou ainda o aumento significativo de traumas causados por acidentes de trânsito entre os jovens. Segundo Cury, somente medidas educativas não tem o poder de mudar essa realidade, se não forem associadas a aplicação de penas e multas juntamente com a fiscalização. "Se houvesse uma boa fiscalização não aconteceria esses acidentes que tem acontecido. Não é possível que haja locais que vendem bebidas indiscriminadamente aos adolescentes 24 horas por dia", lamentou.
Opiniões contrárias ao projeto também foram dadas durante a reunião. O presidente do Sindicato dos trabalhadores de hotéis e restaurantes do Estado, Hélio Amâncio Pinto, justificou a recusa à proposta afirmando que a sua aprovação significaria o desemprego de muitos funcionários. "Se o projeto entrar em vigor, muitos postos serão fechados. "Temos que achar outra solução para inibir o problema de motoristas alcoolizados nas estradas, como uma maior fiscalização", defendeu Amâncio.
Já para o presidente do Grupo Evangélico de Ação Política, Carlos Trapp, é possível ter um comércio à beira da estrada sem vender bebidas alcoólicas. "Ninguém vai morrer se não beber uma cerveja", disse Trapp, sugerindo que o Sindicato abandone o argumento. "Somos muito bonzinhos e o rigor é necessário, se não houver fiscalização, tudo não passará de um faz de conta", acrescentou.
De acordo com Saulo Monteiro, assessor jurídico do gabinete do deputado Amarildo, a proposta não tem intenção de restringir a liberdade, mas de disciplinar o uso do produto que pode prejudicar a sociedade. "Quem vende bebida alcoólica nas estradas, vai vender para pessoas que estão dirigindo nas estradas, isso é fato, não tem como escapar", afirmou.
O deputado Amarildo definiu as opiniões dos representantes como muito pertinentes. Sobre a questão da possibilidade de desemprego de funcionários, o parlamentar afirmou que será avaliada. "Temos condições de fazer um levantamento do impacto em relação ao desemprego que o projeto pode trazer, mas garanto que será bem menor do que o impacto sobre os números de acidentes que certamente diminuirão com a aprovação do projeto", destacou o deputado que pretende ampliar o debate com a realização de uma audiência pública na Assembléia até o final do mês.
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Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.
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