Ex-coordenador de Saúde Indígena desconhece trabalho social do Cimi

Imagem: Ex-coordenador do Dsei foi ouvido nesta tarde pela CPI do Cimi
Ex-coordenador do Dsei foi ouvido nesta tarde pela CPI do Cimi
18/04/2016 - 16:37 Por: Fernanda França    Foto: Wagner Guimarães

O ex-coordenador do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), Hilário da Silva, afirmou nesta tarde (18), em depoimento à CPI do Cimi, desconhecer qualquer trabalho social realizado pela instituição.

“Dentro das minhas andanças nas aldeias, não tenho conhecimento de um trabalho concreto do Cimi na área social. Apenas o historiador Antônio Brand tinha um projeto em Caarapó, mas ele já faleceu”, afirmou.

Hilário não soube especificar se o Conselho Indigenista Missionário incita ou financia invasões de propriedades particulares em Mato Grosso do Sul. Questionado sobre o assunto pela presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PSDB), limitou-se apenas a afirmar que membros da instituição sempre estão presentes nas invasões, chamadas pelos indígenas de “retomadas”.

O depoente, que é auxiliar de enfermagem e pertence à etnia Kadiwéu (aldeia Alves de Barros), não soube dizer se o Cimi cede lonas, transporte ou armamento para os indígenas durante os processos de invasão. No entanto, disse que membros da instituições nunca são vistos em aldeias estruturadas.

Para Mara Caseiro, esse é um indício de que o foco do Conselho Indigenista Missionário está nas invasões de propriedades particulares, e não em fazer o bem para as comunidades indígenas.

Questionado pela deputada sobre o empenho do Cimi em trabalhar pela melhoria da saúde dos povos indígenas, Hilário afirmou que, durante sua gestão no Dsei, a organização não estabeleceu a parceria esperada.

“Não conheço profundamente o funcionamento do Cimi, mas sabemos que vem recurso, porque toda ONG recebe, mas não sei dos valores. Hoje as lideranças reclamam isso. Gostaria que o Cimi usasse esse recurso e fosse parceiro em projetos estruturantes para as aldeias”, afirmou.

Apesar do Cimi ser intimamente ligado a parlamentares do PT, Hilário não soube especificar se o órgão colaborou para sua exoneração do cargo. Ele disse que essa foi uma decisão política que ocorreu após pressão dos deputados federais Zeca do PT e Vander Loubet (PT).

“O deputado Zeca disse inclusive que era uma honra me tirar de lá, mas não entendo por que. Nós ficamos entre os três melhores Dseis do País. Se era um troféu pra ele, conseguiu fazer”, declarou, lembrando que agora seu cargo é ocupado por Lindomar Terena, liderança intimamente ligada ao parlamentar e ex-governador do Estado.

PRÓXIMOS PASSOS

De acordo com a presidente da CPI, a próxima oitiva acontece na quarta-feira (20), às 14h, quando vão depor o advogado do Cimi, Luiz Henrique Eloy, a indígena Valdelice Veron (Aldeia Taquara – Juti), e o secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto.

Também foram aprovados nesta tarde os depoimentos de Enedino da Silva, Mauro Paes, Wanderlei Dias Cardoso e o cacique Ramiro Luiz Mendes.

Conforme Mara Caseiro, os depoimentos prosseguem até o próximo dia 27. A entrega do relatório, que será produzido pelo deputado Paulo Corrêa (PR), deverá acontecer até o dia 11 de maio.

Também participam da CPI os deputados Marquinhos Trad (PMDB) e Pedro Kemp (PT).
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