CPI do Cimi aprova relatório final e encaminha denúncias até ao Vaticano

Imagem: Presidente e relator da CPI, Mara Caseiro e Paulo Corrêa esperam providências
Presidente e relator da CPI, Mara Caseiro e Paulo Corrêa esperam providências
10/05/2016 - 16:20 Por: Fernanda França    Foto: Eliza Moreira

Foi aprovado nesta tarde (10) o relatório final da CPI do Cimi, que aponta culpa do Conselho Indigenista Missionário em incitar e financiar as invasões de propriedades particulares em Mato Grosso do Sul. O resultado das investigações será encaminhado a vários órgãos, incluindo a presidência da República e o Vaticano.

O documento também será entregue ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ao Ministério Público Federal e Estadual, CNJ (Conselho Nacional de Justiça, Conselho Nacional do Ministério Público, Polícia Federal, Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ministério da Defesa, Senado, CPI da Funai e do Incra no Congresso Nacional, representação da Santa Sé no Distrito Federal e ao CAFOD (Agência Católica para o Desenvolvimento Exterior).

A presidente da CPI, deputada Mara Caseiro (PSDB), espera que providências cíveis e criminais sejam tomadas contra o que ela chama de “organização criminosa”.

“Estamos encaminhando aos órgãos competentes e vamos cobrar providências. Desenvolvemos uma apuração séria, embasada, e temos provas tanto documentais quanto testemunhais suficientes para provar que o Cimi atua de maneira ardilosa, insuflando os povos indígenas, criando um clima de terror no campo e de instabilidade jurídica no Estado", afirmou.

Tanto os relatos quanto os documentos colhidos pelo colegiado desde o dia 30 de setembro, quando os trabalhos foram iniciados, demonstram o “modus operandi” do Cimi. Isso inclui organização primorosa, táticas de guerrilha, apoio para armamento indígena e agressividade.

O documento aponta ainda investimento internacional para as chamadas “retomadas”, palavra utilizada por membros da organização e por ativistas da causa indígena para classificar as invasões de propriedades particulares.

Entre os anos de 2013 e 2014, entidades estrangeiras repassaram mais de R$ 7 milhões ao Cimi. Entretanto, nenhuma comunidade indígena foi beneficiada por projetos custeados por esse recurso.

Diversos indígenas ouvidos pela CPI comprovaram a culpa do Cimi na incitação à invasão. Dois delegados de Polícia Federal também relataram à CPI detalhes sobre a atuação da organização na invasão da fazenda Buriti, quando membro do Cimi foi flagrado de posse de um manual anarquista. Entre outras coisas, ele ensina como fraudar cartões de crédito, fabricar bombas caseiras e silenciadores para armas de fogo.

Por outro lado, os poucos membros do Cimi que conseguiram ser localizados para prestar depoimento, se esquivaram da maioria das respostas e proferiram declarações evasivas.

Para Mara Caseiro, o relatório deixa clara a atuação do Cimi para desestabilizar o agronegócio, as instituições oficiais e os poderes constituídos.

BALANÇO

O relatório final possui 222 páginas, divididas nas seguintes seções: provas orais, documentais, atuação específica dos membros do Cimi, as práticas da organização e os encaminhamentos a serem tomados após o fim dos trabalhos.

A CPI do Cimi realizou 26 sessões, totalizando 37 depoimentos. Foram ouvidos os jornalistas Lorenzo Carrasco e Nelson Barretto, estudiosos da área, os produtores rurais Vanth Vanni Filho, Mônica Alves Corrêa, José Raul das Neves, Roseli Maria Ruiz da Silva, Jucimara e Ricardo Bacha, os indígenas Dionedson Cândido, Inocêncio Pereira, Cacilda Pereira, Abélcio Fernandes, professor Alberto França Dias, Ramiro Luiz Mendes, Enedino da Silva, Mauro Paes, Rubson Ferreira de Oliveira, Edson Candelário, Cledinaldo Cotócio, Percedino Rodrigues, cacique Fábio Lemes, Wanderley Dias Cardoso, cacique Enir Bezerra, o ex-coordenador da Sesai, Hilário da Silva, o atual coordenador, Lindomar Ferreira, o ex-coordenador da Funai, Jorge Antônio das Neves, o presidente nacional do Cimi, Dom Roque Paloschi, o ex-assessor jurídico da instituição, Maucir Pauletti, o advogado do Cimi, Luiz Henrique Eloy Amado, o secretário-executivo da organização, Cleber Buzatto, os delegados Alcídio de Souza Araújo, André Matsushita e Marcelo Alexandrino, o procurador da República, Emerson Kalif Siqueira, o desembargador Alcir Gursen de Miranda, e o administrador rural Ramão Aparecido Evangelista dos Santos.

O relatório ficou sob responsabilidade do deputado Paulo Corrêa (PR). Também integram a comissão Marquinhos Trad (PSD), Pedro Kemp (PT) e Onevan de Matos (PSDB).
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