Deputado realiza palestra sobre democracia racial em Ribas do Rio Pardo

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05/07/2010 - 17:29 Por: Assessoria de imprensa - Carolina Assis    Foto: Carolina Assis

Defensor da democratização das oportunidades na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, o líder da bancada do PT, deputado estadual Amarildo Cruz, realizou uma palestra nesta quinta-feira (16/06) sobre a democracia racial, no município de Ribas do Rio Pardo.

Ao iniciar a palestra Amarildo Cruz destacou que cresceu fazendo alguns questionamentos em sua vida. O primeiro deles foi aos 12 anos de idade, onde um dia pegou e olhou sua certidão de nascimento e sua cor no documento estava como branca, e se perguntou, como está branca aqui se eu não sou branco? "Eu sabia que a minha cor não era branca, perguntei para meu pai e minha mãe porque a minha cor estava como branca e eles não souberam me explicar. Conversando com o chefe do cartório que era pai de um amigo meu, eu perguntei, e ele me disse que isso já havia acontecido com muitas pessoas", disse.

Amarildo Cruz explicou que foi crescendo e se aprofundando na questão da democracia racial. "Quem patrocinou e quem incentivou a escravidão lá atrás foi exatamente o Estado Brasileiro. A escravidão foi uma política de Estado. O Estado Brasileiro implementou isso no Brasil, então logicamente o Estado tem que fazer essa discussão, principalmente os homens públicos, o parlamento tem a obrigação de discutir a democracia", afirma.

Ele ainda lembrou de quando fazia campanha, quando aspirava em chegar ao parlamento do Estado e quando pensava em ser deputado. "Eu sempre tinha na minha cabeça que se um dia chegasse ao parlamento não iria perder a oportunidade de defender as coisas que acreditava, e umas delas muito cara para mim e extremamente importante é a questão racial. Eu acho que a democracia racial, não é uma questão do negro, do índio, do branco e do amarelo, esta é uma questão das pessoas de bom senso, que querem um país mais humano, fraterno e democrático", destaca.

O deputado informou que o Brasil hoje tem a maioria da sua população negra, de 10 em 10 anos é feito o senso pelo IBGE, uma pesquisa mais aprofundada sobre as condições sociais e o perfil socioeconômico do nosso povo. Agora este senso de 2010 deve apontar que o Brasil tem em torno de 51 e 52% da sua população negra. "Sabemos que temos estados brasileiros, como a Bahia o Rio de Janeiro, em que a população negra chega entre 80 a 85% e aqui em Mato Grosso do Sul temos 42% da população, segundo os dados do IBGE. O Brasil é o país que mais tem negros fora da África do Sul, só um país no mundo tem uma população negra maior do que o Brasil, a Nigéria que é um país que está dentro da África do Sul. Esta é a nossa história, é a nossa realidade, são as nossas características, e, é com esse povo, com esse perfil, com esta formação étnico-racial do povo brasileiro que temos que construir um país cada vez mais justo, humano e solidário. Ser mais justo e humano significa lutarmos para mudar esses indicadores sociais", enfatiza.

A escravidão foi abolida no Brasil há 122 anos, lembrou Amarildo Cruz, destacando que o Brasil se tornou um país de negros, porque 3 milhões e 500 mil negros foram trazidos para o Brasil. "O Estado Brasileiro precisa fazer alguma coisa, já se passaram 122 anos. O Brasil esta caminhando para ser a quinta economia do mundo, ele não tem que ser rico somente economicamente, mais na qualidade de vida de sua população", explica.

O parlamentar enfatizou que é autor da lei de cotas que garante no mínimo 10% de vagas para negros no serviço publico estadual. "Em Mato Grosso do Sul temos 42% da nossa população negra e temos apenas 3% da população no serviço público estadual. É preciso implantar mais ações afirmativas, que são determinadas pelo Estado, espontaneamente ou por meio de leis, para eliminar a desigualdade historicamente acumulada, garantido a igualdade de oportunidades", proferiu.

A Lei de Cotas que garante 10% de vagas aos negros em concursos públicos, e o Projeto de Lei já aprovado na Assembleia Legislativa, que institui feriado estadual o dia 20 de novembro, data em que é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra são de autoria do deputado Amarildo Cruz que destacou que com palestras e Ações Afirmativas espera-se que haja um diálogo aberto para compreensão da especificidade da discriminação e também do mito de democracia racial no Brasil. "Nossa sociedade não se diz racista, mas há um racismo cordial e um racismo explícito e estrutural", finalizou Amarildo Cruz.

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