Famílias vítimas da hanseníase lutam para serem indenizadas

Imagem: Famílias viveram holocausto longe de seus familiares.
Famílias viveram holocausto longe de seus familiares.
30/06/2015 - 11:01 Por: Evllyn Rabelo    Foto: Alessandro Perin

Dezenas de pessoas participaram hoje (29) do 1º Encontro com os filhos separados pelo isolamento compulsório de pessoas vítimas da hanseníase. Com o apoio do deputado estadual Amarildo Cruz (PT) e o Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), o evento aconteceu na Assembleia Legislativa, em Campo Grande.

O intuito do encontro foi sensibilizar a população e o Governo Federal sobre o holocausto vivido por essas pessoas, mostrar para a sociedade que a hanseníase é uma doença que possui tratamento e cura e, principalmente indenizar essas famílias separadas. “Mesmo com a descoberta da cura, a separação das famílias perdurou por muitos anos no Brasil. Os traumas psicológicos causados nessas famílias foram inevitáveis e devem ser recompensadas por meio de uma indenização aos filhos das vítimas”, explicou ocoordenador nacional do Morhan, Artur Custódio de Souza que falou ainda sobre a tramitação do Projeto de Lei travado no Congresso Nacional para dar andamento aos processos de indenizações.

O deputado Amarildo Cruz lembrou que o isolamento em colônias era uma política de estado oficial até 1.976, no entanto, na prática aconteceu até 1.986. ”Os portadores da doença viveram um verdadeiro terror, sendo 'caçados' pela Guarda Sanitária e isolados de seus familiares em colônias. Muitas destas famílias nunca mais viram seus parentes. Por isso essa luta pela indenização é legítima, muito embora os danos psicológicos causados não tenham como ser ressarcidos", falou.

O Parlamentar propôs ainda uma audiência pública que deve acontecer na Casa de Leis. “Temos que unir forças dos demais deputados, assim como da bancada federal e do senado para que a indenização se torne real. Tudo isso tem que ser bem discutido, mas a indenização é o mínimo que pode ser feito para minimizar todo o terror vivido por estas famílias”, defendeu.

Durante o encontro, muitos filhos separados dos pais deram depoimentos emocionados dos dias difíceis que viveram separados dos seus pais. “Faço um agradecimento ao Artur, porque graças a Deus alguém se levantou pela causa da gente, tem alguém lutando pela gente depois de tantos anos de sofrimento longe dos nossos pais”, desabafou Marcos Roberto.

Na ocasião ficou definida a reorganização do Morhan em Campo Grande para contribuir e fortalecer o movimento em Mato Grosso do Sul, bem como o processo de indenização das famílias.

Participaram do encontro a cantora e compositora sul-mato-grossense, Lenilde Ramos, que abriu a reunião com uma música dedica ao Morhan, Luis Carlos Junior representante da Secretaria de Estado de Saúde de MS, Sueli de Fátima Silva- representando as famílias separadas, deputada Mara Caseiro - presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, Frei Vanderley, Ilza Matheus (SESAU), Carlos Ramirez UBS São Francisco, Ana Lúcia Américo- superintendente da Secretaria de Estados de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho e Sueli Ives Pereira da Secretaria Municipal de Saúde.
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