CPI vai apurar divergências em depoimentos de empresas
Gerentes da Homex e Modolar se esquivaram das acusações durante audiência da CPI das Construtoras.
19/10/2011 - 20:31
Por: Talitha Moya
Foto: Roberto Higa
Segundo a auxiliar de serviços gerais da Modolar, empresa contratada pela Homex, Carla Regina Rodrigues, depois de permanecer apenas três meses na empresa, ela e mais um grupo de trabalhadores foram demitidos. “Nos disseram que a Homex não estava cumprindo o contrato e passando o dinheiro para nos pagar”, relatou a funcionária, que recebia R$ 810 fixos mais gratificação por bom desempenho.
Ainda de acordo com Carla, até o momento, ela não havia recebido nenhum dos seus direitos trabalhistas. “Acho sim que há um rodízio de funcionários porque não é possível uma empresa contratar por três meses e já mandar embora”, acrescentou.
Em seu depoimento, a gerente da Homex Brasil, Kênia Tália Ferro, confirmou o atraso nos pagamentos dos trabalhadores. Ela culpou pelo problema a ausência de documentos necessários por parte da empresa Modolar como as folhas de vencimentos dos funcionários. “Temos o dinheiro em caixa, mas ele está retido porque ainda faltam documentos exigidos em contrato”, declarou. De acordo com a gerente, já houve contato com a prestadora de serviços para acertar todas as recisões e pagamentos em atraso pela empresa.
O contrato de cerca de R$ 25 milhões feito entre a Homex e Modolar já foi rompido. Conforme o analista de sistemas Leandro Toffoli, que é gerente da empresa tercerizada pela construtora, a Homex começou a atrasar os pagamentos entre os meses de julho e agosto. Toffoli desmentiu a falta de documentos como motivo dos atrasos. Mesmo assim, o gerente não soube explicar o que aconteceu para chegar a essa situação.
O trabalhador da Homex, Dioferson Soler Gonçalves, também confirmou o suposto rodízio existente na empresa. De acordo com o auxiliar de serviços gerais, que trabalha há sete meses na empresa, cerca de 50 funcionários foram demitidos coletivamente nesta quarta-feira sem explicação. Ele ressaltou ainda que outros 150 trabalhadores terceirizados de São Paulo já tinham sido contratados para substituí-los com salários diferenciados. “Acredito que há discriminação com os trabalhadores daqui porque os que vêm de São Paulo recebem até mil reais a mais”, esclareceu.
Dioferson denunciou ainda a má condição de higiene da empresa e casos de assédio moral no trabalho. “É fato que não estamos satisfeitos e queremos ser mandados embora, mas há pressão para pedirmos demissão”, assegurou o funcionário, que teme retaliação da empresa devido às denúncias.
De acordo com o presidente da CPI, deputado Maurício Picarelli (PMDB), haverá uma acareação para apurar os pontos divergentes das declarações dos representantes das empresas, até chegar a verdade dos fatos.
O deputado Antônio Carlos Arroyo (PR), que ocupa a vice-presidência da Comissão, cobrou a regularização urgente da situação dos trabalhadores. “É preciso esclarecer urgentemente a relação das construtoras com as empresas terceirizadas porque no fim das contas, o grande prejudicado é o funcionário”.
A próxima reunião da CPI está marcada para o dia 9 de novembro. Por enquanto, os membros da comissão irão analisar os depoimentos prestados e todos os documentos que foram solicitados até o momento para dar continuidade aos trabalhos.
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Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.
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