Encontro sugere ampliação do apoio à saúde mental dos policiais

Imagem: Autoridades e médicos falam sobre a saúde mental dos agentes da segurança.
Autoridades e médicos falam sobre a saúde mental dos agentes da segurança.
21/11/2011 - 17:20 Por: Talitha Moya    Foto: Wagner Guimarães

“Nos casos de tentativa de suicídio dentro da corporação militar, nós ainda temos chegado a tempo, mas até quando conseguiremos evitar?”, questionou o tenente do Corpo de Bombeiros Militar, Edílson dos Reis.

O policial foi um dos palestrantes da audiência promovida nesta segunda-feira (21/11), na Assembleia Legislativa, que debateu a saúde mental dos profissionais da segurança pública.

O encontro reuniu autoridades das áreas de segurança e médica que apontaram as possíveis causas e soluções aos problemas. De acordo com Reis, a questão não deve preocupar somente os servidores da segurança, mas toda a sociedade. “Não se trata de um problema que afeta apenas os policiais. É uma situação que afeta muitas profissões”, ressaltou.

Entre as tensões provocadas no ambiente de trabalho, o tenente citou a relação funcionário e chefe. “Existem chefes dominadores, autoritários, insensíveis e até agressivos. Todos geram um clima de estresse nos trabalhadores”, afirmou.

Reis mencionou ainda alguns geradores de estresse nos agentes militares como a sobrecarga de trabalho, baixa remuneração e a exposição constante a riscos. O tenente sugeriu a ampliação do programa de promoção e cuidados com a saúde mental dos profissionais de segurança.

Na opinião do deputado Cabo Almi (PT), o endividamento também é um fator que contribui para prejudicar os estados emocional e psicológico do profissional. “A situação fica ainda pior porque o agente tenta manter as aparências e suportar o problema por acreditar que, desta forma, ele continua a ter o respeito dos colegas”, relatou o parlamentar, que é ex-cabo da PM (Polícia Militar). Para amenizar o problema, Almi indicou a melhoria do salário e a jornada de trabalho compatível com a necessidade da função exercida.

De acordo com o comandante da Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) e especialista em segurança pública, Carlos Alberto Pereira, a carreira dos policiais se configura como uma das mais estressantes e vulneráveis emocionalmente. O comandante expôs a gravidade da situação por meio de um ranking em que os profissionais da segurança pública aparecem em segundo lugar, atrás somente dos trabalhadores da mineração.

O proponente da audiência, deputado George Takimoto (PSL), afirmou que as contribuições feitas no decorrer do debate serão reunidas e analisadas. Provavelmente, segundo o parlamentar, as sugestões servirão para construir um projeto voltado para a promoção da saúde mental dos profissionais de segurança pública. Entre algumas preocupações mencionadas por Takimoto estão a questão do maior rigor na avaliação psicológica de concursos públicos e a ampliação e melhoria do apoio para os funcionários que já estão na área.
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