Cacique faz apelo por fim de massacre contra os índios de MS

25/11/2011 - 11:53 Por: Paulo Fernandes   

“O que cada vez mais está parecendo é que não está acontecendo nada. Estamos morrendo como animais. Chega de discriminação, chega de massacre”. O apelo, feito no “Ato Contra a Impunidade e em Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul”, nesta sexta-feira (25/11), no Plenário Deputado Júlio Maia da Assembleia Legislativa, é do cacique da aldeia Água Bonita, Nito Nelson, de 49 anos, que é presidente do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas.

Nito exige a identificação e punição dos responsáveis pelo desaparecimento do líder religioso Kaiowá-Guarani Nisio Gomes e pelo assassinato de outros indígenas. “Queremos punição. Estou pedindo em nome não apenas dos índios guarani, mas de todos os povos indígenas”, disse. Ele afirmou que se nada for feito, os índios irão “desaparecer como nuvem”.

O cacique também defendeu a demarcação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul. “Nós estamos morrendo por causa de demarcação das terras. Quero que se cumpra o que está na Constituição”, afirmou. Nito contou que os índios estão sendo ameaçados, mas que ele não tem medo e acredita na Justiça.

Representante da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Moreira, que é bispo de Três Lagoas, contou que a Igreja Católica está preocupada com os crimes contra a população indígena. “Essas pessoas (os pistoleiros) estão pensando que índio não é nada”, frisou.

Ele acredita faltar atitudes práticas para solucionar os conflitos fundiários indígenas. Também defende que o processo de demarcação seja feito preservando a cultura, levando em conta, por exemplo, que os índios da etnia Terena têm a cultura da produção enquanto os Guarani são extrativistas. “Acho que temos condições de achar uma saída. Tenho esperança, mas a Justiça é morosa”, afirmou o bispo Dom Moreira.

Já o presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza Tupã-I, Paulo Ângelo de Souza, relatou estar acontecendo um genocídio no Estado. O “Ato Contra a Impunidade e em Defesa dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul” foi realizado por entidades da sociedade civil e os movimentos sociais sob a coordenação do deputado Pedro Kemp (PT).

A manifestação, que acontece uma semana após o atentado na terra Guaviry, na região Sul do Estado, marca os 28 anos de morte do líder guarani Marçal de Souza Tupã-I, atingido por cinco disparos de arma de fogo na porta de casa, em Antônio João.
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