Debate na Assembleia expõe cenário da saúde no Estado

Imagem: Campanha da Fraternidade 2012, lançada em fevereiro, trata sobre o Sistema de Saúde Pública no país.
Campanha da Fraternidade 2012, lançada em fevereiro, trata sobre o Sistema de Saúde Pública no país.
11/04/2012 - 17:43 Por: Talitha Moya    Foto: Roberto Higa

Deputados criticaram a má aplicação dos recursos públicos na saúde e cobraram maior contribuição da União na gestão financeira do setor durante debate na Assembleia Legislativa, que expôs o cenário da saúde pública no Estado. O evento, proposto pela Comissão de Saúde da Casa de Leis, contou com o apoio do Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara.

De acordo com o presidente da Comissão de Saúde e Seguridade Social, deputado Lauro Davi (PSB), é preciso um maior poder de fiscalização dentro do setor e um sistema de gestão menos complexo para que a saúde conquiste avanços. “É primordial buscar esse mecanismo para melhorar a questão”, frisou.

Para o deputado estadual Pedro Kemp, líder do PT, o desvio de recursos deveria ser tratado com mais rigor quando relacionado ao setor de saúde. “É a área que mais sensibiliza a população”, ressaltou. Segundo o parlamentar, a ampliação de investimentos dos recursos públicos deve ser prioridade, além de maior contribuição da União e a participação da sociedade nos conselhos gestores para o controle social na aplicação das verbas.

Médico há mais de 40 anos, o deputado George Takimoto (PSL) destacou ainda o alto custo do atendimento médico com qualidade. “O SUS (Sistema Único de Saúde) trouxe um avanço inigualável, entretanto, sem o auxílio dos convênios médicos, que atendem um quarto da população, nossa saúde seria um caos”, afirmou. Na opinião do deputado, a boa saúde depende muitas vezes do amor de médicos e demais funcionários da área que, na maioria das situações, disponibilizam os melhores diagnósticos, mesmo quando faltam condições financeiras aos pacientes.

Dificuldade de acesso - O difícil acesso aos diagnósticos também foi lembrado pela deputada Dione Hashioka (PSDB), membro da comissão. “Temos avanços inegáveis nos diagnósticos, mas do que adianta ter qualidade se há limitação e muitos pacientes não têm acesso a eles?”, indagou. Para ela, o debate não vem constatar os problemas que existem, mas sim buscar formas de solucioná-los.

O 1º secretário da Assembleia, deputado Paulo Corrêa (PR), falou ainda sobre a péssima remuneração dos profissionais da saúde. “Como pedir pela humanização do atendimento nos hospitais em contrapartida com os salários inadequados oferecidos no setor?”. Corrêa criticou ainda o sistema de plantão remoto adotado pelos centros de atendimento, no qual os médicos ficam de sobreaviso e só comparecem nos locais quando solicitados. “Eles ganham para estar presentes no trabalho e não estão. Aí fica fácil entender a revolta de um pai ou uma mãe que não encontram atendimento para os filhos quando estes precisam. A paciência está no limite”, declarou.

Vice-presidente da Comissão de Saúde, a deputada Mara Caseiro (PtdoB) ressaltou a importância de regionalizar o atendimento da saúde com investimentos na estrutura das redes do interior. “Para isso, é necessário que a sociedade organizada se una aos Poderes Públicos”, frisou. A parlamentar parabenizou ainda a Igreja Católica pela iniciativa de levar o tema para debate por meio da Campanha da Fraternidade.

Dom Dimas Lara explicou que as questões tratadas no debate, sugestões e reivindicações terão os devidos encaminhamentos. "As possibilidades de consequências concretas por meio de um debate como esse, com respaldo da Assembleia, são grandes", disse.
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