Para Tetila, Lugo foi vítima de “conspiração contra a democracia”

Imagem: Conforme Tetila, o impeachment de Lugo foi um rito sumário, cerceando todo o direito de defesa.
Conforme Tetila, o impeachment de Lugo foi um rito sumário, cerceando todo o direito de defesa.
26/06/2012 - 11:57 Por: Paulo Fernandes    Foto: Giuliano Lopes

Presidente da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos, o deputado Laerte Tetila (PT) considerou lamentável o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. “Foi um duro golpe. Lugo foi deposto sumariamente”, afirmou o deputado, nesta terça-feira (26/6).

Tetila lembrou da ligação cultural entre Paraguai e Mato Grosso do Sul. O Estado fronteiriço possui a maior concentração de paraguaios no Brasil. São cerca de 300 mil paraguaios ou descendentes.

O deputado opinou que o Paraguai foi vítima de “uma conspiração contra a democracia”. “Durante muitos meses estavam preparando o golpe”, disse. “Foi um rito sumário, cerceando todo o direito de defesa”.

Para o parlamentar, o Paraguai, que tem a história marcada por ditaduras e golpes, perdeu uma oportunidade de se consolidar como um país democrático.

Pedro Kemp (PT) concordou com o colega de bancada. “Foi um golpe branco, com capa de constitucionalidade”.

O julgamento político que resultou no impeachment de Fernando Lugo demorou 30 horas. Lugo foi destituído do cargo por mau desempenho de suas funções.

A celeridade do processo, feito com base na Constituição, levantou a suspeita nos países vizinhos, como o Brasil, de que houve cerceamento de defesa. O então presidente teve duas horas para apresentar sua defesa. Como retaliação, vários governos tentam isolar politicamente o Paraguai.

A principal acusação contra o ex-presidente foi de ser responsável pela morte de 17 pessoas em um conflito agrário entre policiais e camponeses que ocupavam uma fazenda em Curuguaty, fronteira com o Paraná.

O vice Federico Franco assumiu o governo e deverá completar o mandato até agosto de 2013. O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral do Paraguai descartou qualquer possibilidade de antecipar as eleições previstas para abril de 2013.

Sem apoio - Na votação final, na última sexta-feira (22/6), 39 senadores votaram a favor da condenação do presidente, enquanto quatro se declararam contra. Outros dois ficaram ausentes.

No dia anterior, o Congresso paraguaio havia aberto o processo de impeachment contra Lugo com a aprovação, na Câmara, de 76 parlamentares. Apenas um ficou ao lado do então presidente.

Lugo havia sido eleito presidente em 2008, pondo fim a um período de seis décadas de governo do Partido Colorado. Na ocasião, a eleição foi marcada por um clima de tensão.

Outro lado - Representante da classe ruralista, o deputado Zé Teixeira (DEM) afirmou que Lugo “pagou o preço da impunidade”.

Ele lembrou que os chamados brasiguaios, fazendeiros brasileiros com terras no Paraguai, comemoraram a destituição de Lugo. No governo Lugo, aumentaram as invasões e os conflitos de terra naquele país.

“As invasões e assassinatos no Paraguai estavam sem controle”, disparou.
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