Ruralistas pedem a Mara audiência para discutir invasões

Imagem: Mara não quer que ruralistas paguem pela inércia do governo, como se fossem responsáveis.
Mara não quer que ruralistas paguem pela inércia do governo, como se fossem responsáveis.
05/03/2013 - 15:50 Por: Fernanda França    Foto: Wagner Guimarães

Ruralistas do Conesul do Estado estão solicitando a realização de uma audiência pública na região para debater a questão da demarcação de terras produtivas consideradas indígenas.

O ofício, que partiu dos sindicatos rurais de Amambai, Tacuru e Iguatemi, foi entregue recentemente à deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), durante evento que marcou a entrega de retroescavadeiras para prefeituras de municípios da fronteira. Outros parlamentares presentes também receberam o documento.

Na prática, os ruralistas estão pedindo socorro à classe política, em caráter emergencial, na tentativa de conter o agravamento da situação pelas constantes invasões e alargamento das terras para os indígenas.

Os produtores lembram que o próprio governo federal franqueou estas terras, e que agora, passadas décadas de muito trabalho e expansão do agronegócio, querem simplesmente tratar a classe como bandidos.

“A agropecuária hoje é de fazer inveja, é uma das áreas responsáveis pela expansão do agronegócio do País, atrativo de divisas externas para a nação. A classe produtora não pode ser responsabilizada pela população indígena que desde a sua existência vem sendo representada por uma tutela estatal e incompetente, que viu a caravana do progresso passar sem dela participar. E agora vem o governo brasileiro, representado pela Funai [Fundação Nacional do Índio], ironicamente dizer que as terras indígenas são poucas, deixando de assumir que a maior parte delas é mal aproveitada e ociosa”, diz um trecho do documento, lido pela deputada Mara Caseiro em plenário, nesta terça-feira (5/3).

Os ruralistas também lembram que os indígenas, infelizmente, vivem hoje em situação de miséria, e que essa situação acaba virando “meio de melhoria de vida para aqueles que se intitulam defensores dos índios”.

“O que não pode é o governo federal jogar esse peso nas costas dos produtores rurais, pretendendo que estes paguem pela inércia do governo, como se responsáveis fossem”, diz outro trecho do documento.

Ironicamente, durante o mesmo evento, Mara Caseiro recebeu também um ofício dos indígenas da aldeia Amambai, solicitando equipamentos agrícolas, óleo diesel, maquinário, sementes e outros insumos necessários para o plantio.

De acordo com ela, isso demonstra que os povos indígenas, quando não influenciados por ONGs internacionais, desejam plantar e colher para o sustento de suas famílias. “Alguns nem sabem desses conflitos”, observou.

Mara Caseiro voltou a lembrar que o governo federal precisa tomar medidas urgentes para essa questão, antes que mais vidas se percam nessas guerras motivadas pelas invasões de terras.

O tucano Marcio Monteiro reforçou o discurso da deputada, afirmando que o governo federal precisa ter coragem para enfrentar essa situação.

“O que falta é atitude desse governo. Já há um conceito do que é preciso fazer para acabar com esses conflitos, é preciso agora coragem para tomar as decisões certas”, afirmou.
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