Pequenos produtores de Bodoquena pedem ajuda à Assembleia

Imagem: Reunião entre pequenos produtores, Francisco Maia e o deputado Zé Teixeira aconteceu na sede da Acrissul.
Reunião entre pequenos produtores, Francisco Maia e o deputado Zé Teixeira aconteceu na sede da Acrissul.
11/06/2013 - 17:58 Por: João Humberto e Nathália Barros    Foto: Gustavo Nunes

Assis de Souza Ferreira, Antonio Roberto Santos e Roberto Dias Brito, três pequenos produtores rurais com propriedades em Bodoquena, município distante 251 km de Campo Grande, se reuniram na tarde desta terça-feira (11/6), na sede da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), com o presidente da entidade, Francisco Maia, e o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), para pedir ajuda.

Acompanhados dos vereadores Edinho Carvalho (PTdoB) e Airton Marques (PR), os três produtores solicitaram empenho por parte da Acrissul e da Assembleia Legislativa para que suas áreas não sejam invadidas por indígenas que moram numa reserva localizada numa região conhecida como Morraria do Sul, na divisa entre Bodoquena e Porto Murtinho.

Conforme os produtores, a reserva possui 360 mil hectares e fica no município de Porto Murtinho. Eles informaram que recentemente a Funai (Fundação Nacional do Índio) fez uma nova demarcação na região, definindo que, além dessa área, existe uma outra, com 100 mil hectares, que atinge Bodoquena.

O produtor rural Antonio Roberto Santos, que possui uma propriedade de 65 hectares, com criação de gado, explicou que uma cerca separa sua chácara da reserva. Ele teve sua terra invadida por quatro índios na última quinta-feira (6/6), que ainda continuam no lugar. Assis e Roberto têm terras vizinhas à propriedade de Antonio e temem que elas também sejam invadidas.

Os vereadores também estão preocupados com a situação dos pequenos produtores por conta dos conflitos recentes ocorridos entre fazendeiros e índios nos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. O vereador Edinho frisa que quando terras são invadidas, os produtores são obrigados a diminuir a produção e assim amargam prejuízos. “Isso representa queda na produção e abala a fonte de renda deles. Consequentemente, a situação impacta toda a economia do município”.

Representando a Assembleia Legislativa na reunião na Acrissul, o deputado Zé Teixeira argumentou que a Casa de Leis está empenhada em encontrar uma solução para a situação. Ele acredita que independentemente dos esforços, a solução está no Poder Judiciário. “A Justiça deve prevalecer. Foi uma afronta os índios terem contestado a Justiça e depredado a Fazenda Buriti, em Sidrolândia, no dia 30 de maio”.

Zé Teixeira esclarece que índios e não índios são todos iguais e todos têm seus respectivos desejos e sonhos. “Grande parte dos índios, por exemplo, se preocupa mais com saúde, moradia, saneamento, do que com as terras”, observa.

Francisco Maia, presidente da Acrissul, calculou que se na reserva de 360 mil hectares moram mil índios, dividindo isso pela quantidade de hectares, daria 36 mil hectares para cada indígena. “Para que precisa ser demarcada mais uma área na região, se na que existe nada está sendo produzido? Qual o fundamento disso?”, questionou, afirmando que o problema está na administração da Funai, responsável pelo processo de demarcação, e na interferência de ONGs (Organizações Não Governamentais) como o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

“A Assembleia já está trabalhando, mas falta desejo e força de vontade do governo federal. A Acrissul vai continuar colaborando nessa questão, buscando empenho em todos os segmentos para dar um basta nesses conflitos”, admitiu Maia, lembrando da reunião com a ministra chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, no dia 25 de maio, em Brasília (DF), quando ele, vários deputados estaduais e a bancada federal de Mato Grosso do Sul participaram.

“Na ocasião, o deputado Jerson Domingos disse à ministra que nosso Estado precisava de ajuda e que se nada fosse feito, muito sangue seria derramado. Cinco dias depois, durante conflito na Fazenda Buriti, o indígena Oziel Gabriel foi morto em meio a um confronto com a Polícia Federal e militares da Cigcoe [Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais]”, pontuou o presidente da Acrissul.
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