Acessibilidade como responsabilidade social é debatida na AL

Imagem: Evento realizado no plenário da Casa de Leis reuniu dezenas de pessoas.
Evento realizado no plenário da Casa de Leis reuniu dezenas de pessoas.
16/08/2013 - 18:03 Por: Nathália Barros    Foto: Wagner Guimarães

Passar em um concurso e não poder assumir por ser cega. A situação pode parecer surreal, entretanto faz parte da história de luta da professora Telma Nantes de Matos. Só depois de muita perseverança, a presidente do Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas), de Campo Grande, conseguiu assumir o cargo. Hoje é professora de educação infantil.

Telma não nasceu cega, mas na adolescência a cicatriz na retina, presente desde o nascimento, evoluiu para uma cegueira. “Só quem convive com uma dificuldade entende a necessidade, por exemplo, de pisos táteis ou qualquer outro tipo de acessibilidade. Precisamos, urgentemente, mudar isso”, defendeu a professora, durante sessão especial realizada na tarde desta sexta-feira (16/8), no plenário da Casa de Leis, para chamar a atenção para a o tema: “Acessibilidade uma Responsabilidade Profissional”.

Proposta pelo deputado estadual Pedro Kemp, vice-líder do PT, que sempre se empenhou em buscar soluções para a problemática, como na criação da lei municipal que trata sobre acessibilidade, elaborada durante o mandato como vereador de Campo Grande, a solenidade contou com a contribuição de profissionais de diversas áreas que têm em comum a luta em busca da qualidade de vida de quem tem limitações.

É o caso do presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Paulo Sérgio Moreno. Portador de deficiência física, ele defende a criação de uma secretaria estadual destinada ao tratamento de políticas públicas para as pessoas deficientes. “ Temos leis, muitas leis. O problema é garantir que elas sejam cumpridas. Acredito que só uma secretaria destinada exclusivamente ao tratamento do assunto pode mudar esta realidade”.

Ir e Vir - “No Brasil, os problemas de acessibilidade são enfrentados por 45,6 milhões de pessoas que convivem com algum tipo de deficiência. Isso, sem contar aqueles que têm alguma limitação temporária, como mães com bebês de colo, ou pessoas com algum tipo de lesão. Mesmo quem não tem problemas pode ser surpreendido pelas 'pegadinhas' produzidas pelo descuido de calçadas. São frequentes os casos de mulheres que torcem os tornozelos, por exemplo”, justificou Jary de Carvalho e Castro.

Presidente há 15 anos do Crea/MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul), Jary trabalha a questão da acessibilidade com empresários e o público em geral.

Ele, que conviveu com pessoas que precisavam de ajuda desde pequenas, como as tias Nina e Haydée – a primeira teve o desenvolvimento mental comprometido por uma meningite, ainda na infância e a segunda amputou a perna, também quando era pequena -, considera que o a contribuição para uma sociedade com mais acessibilidade “é uma missão”.

Recentemente, Jary decidiu escrever um livro. Intitulado “Ir e Vir – Acessibilidade: Compromisso de Cada um”, a obra conta com relatos de pessoas, dedicadas a diferentes atividades, que encontraram problemas para garantia da acessibilidade e apontaram soluções.

“Encontramos na odontologia, por exemplo, pessoas que perceberam a dificuldade de oferecer tratamento à crianças com Síndrome de Down. Hoje há consultórios especializados que disponibilizam até mesmo cadeiras ergonométricas para este público”, relembrou o autor do livro, defendendo que a solução para o problema deve ser apontada por cada pessoa.

O material, que deve ser apresentado em uma feira internacional, em Medellín, na Colômbia, no próximo dia 20, foi lançado durante a solenidade. “Acredito que ele deve contribuir para a construção de uma sociedade mais consciente e empenhada em oferecer acessibilidade a todos”, defendeu Pedro Kemp.

O evento contou com a presença de pessoas com as mais diversas necessidades especiais, além do desembargador, cadeirante e vice-presidente do TRT/MS (Tribunal Regional do Trabalho de MS), Nery Azambuja, da superintendente de políticas de direitos humanos da Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social), Yrena Barbosa de Barros, além do suplente de senador, professor mestre Pedro Chaves, e da vereadora campo-grandense Carla Stephanini (PMDB).
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