USP é criticada por divulgar erros sobre mortes de índios em MS

Imagem: Deputados Zé Teixeira e Mara Caseiro são vice e presidente, respectivamente, da Comissão de Assuntos Indígenas da ALMS.
Deputados Zé Teixeira e Mara Caseiro são vice e presidente, respectivamente, da Comissão de Assuntos Indígenas da ALMS.
12/12/2013 - 13:21 Por: João Humberto    Foto: Giuliano Lopes

Os deputados estaduais Zé Teixeira (DEM) e Mara Caseiro (PTdoB), respectivamente vice e presidente da Comissão de Desenvolvimento Agrário e Assuntos Indígenas da Assembleia Legislativa, ocuparam a tribuna na sessão ordinária desta quinta-feira (12/12), para criticar o concurso vestibular da Fuvest deste ano, referente à prova de seleção para a USP (Universidade de São Paulo) e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. A pergunta é relacionada aos assassinatos de indígenas no Brasil e em Mato Grosso do Sul, com base numa tabela contendo números errados, de acordo com os parlamentares.

A tabela elaborada pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), acessada em 10 de setembro de 2013, aponta números de assassinatos de índios ocorridos de 2003 a 2012 no Brasil e em Mato Grosso do Sul. No Brasil, nesse período, ocorreram 554 assassinatos de indígenas, sendo 310 no Estado, conforme informado na tabela.

Após analisar a tabela, os vestibulandos tinham que escolher a afirmação correta entre cinco oferecidas. A resposta certa foi a que diz que “no período abrangido pela tabela, a participação de Mato Grosso do Sul no total de indígenas assassinados é muito alta, em consequência, principalmente, de disputas envolvendo a posse de terra”.

Para Zé Teixeira, a questão denigre Mato Grosso do Sul e a tabela está totalmente equivocada, já que os números são outros, segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Por conta disso, o deputado é totalmente favorável à elaboração de uma moção de repúdio à USP em decorrência da questão.

Desmentindo a tabela, Teixeira citou que em 2006, por exemplo, de acordo com a Sejusp, foram assassinados 7 índios no Estado, enquanto a tabela da USP informa que foram 28. Já em 2011, a tabela acessada pela comissão organizadora do certame, com base em dados do Cimi, aponta 32 mortes de indígenas, enquanto a Sejusp afirma que foram 27.

“Essa mentira cria na cabeça do vestibulando aquela ideia de que Mato Grosso do Sul é um Estado selvagem”, reclamou.

Anulação - Mara Caseiro frisou que essa exposição é absurda, justamente por conta dos números incorretos. “É necessário que essa questão seja anulada, pois é mentirosa, capciosa”, protestou.

Para a parlamentar, os assassinatos envolvendo índios em Mato Grosso do Sul são decorrentes da ineficiência da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da omissão da União, “que permitem a entrada de álcool nas aldeias”. Mara ressalta que a maioria dos assassinatos ocorre entre os próprios índios e que os conflitos fundiários envolvendo eles e os produtores mostram o quanto o Governo Federal foi omisso ao permitir o isolamento dos indígenas, impedindo seu desenvolvimento e evolução.

“O Cimi prestou um grande desserviço à população por conta dessa tabela equivocada. Ao invés de permitir sua evolução, o Cimi usa os índios como massa de manobra. Temos que exigir que a questão seja anulada para que todos saibam que isso é uma farsa, assim como os laudos da Funai”, comparou.
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