Projeto que capacitará professores indígenas é lançado na ALMS

Imagem: Lançamento do projeto Saberes Indígenas na Escola aconteceu no plenário Júlio Maia.
Lançamento do projeto Saberes Indígenas na Escola aconteceu no plenário Júlio Maia.
07/08/2014 - 20:52 Por: Fernanda Kintschner    Foto: Roberto Higa

Foi lançado na noite desta quinta-feira (07/8), no plenário Júlio Maia, o projeto do governo federal Saberes Indígenas na Escola, que visa a capacitação de mais de 600 professores indígenas do Estado, que ministram aulas em aldeias.

Com o objetivo de respeitar as diferenças culturais entre as nove etnias presentes em Mato Grosso do Sul - Guarani, Kaiowá,Terena, Kadiweu, Kinikinau,Ofaié, Atikum, Kamba e Guató –, o projeto do Ministério da Educação reuniu quatro universidades públicas do Estado para dar uma formação complementar aos professores e assim melhorar o ensino.

De acordo com a secretária da Secretaria Nacional de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, Macaé Maria dos Santos, o foco do projeto é a alfabetização e a etnomatemática, além do fortalecimento da produção dos materiais didáticos específicos para os indígenas.

“Mais de 900 mil pessoas no país se declaram indígenas e já foram reconhecidas mais de 300 diferentes línguas, porém os dados também apontam que a criança indígena é a que menos tem acesso ao ensino. Para mudar esse quadro é preciso fortalecer a formação do professor”, ressaltou a secretária.

No Mato Grosso do Sul há 14 escolas indígenas estaduais, segundo a representante nacional. Para o deputado estadual Pedro Kemp (PT), proponente do lançamento da ação na Casa de Leis, é preciso valorizar o professor.

“Temos mais de 800 indígenas em cursos superior no Estado. Transformar as escolas indígenas em algo diferenciado se faz com formação de professores. É preciso valorizar essas iniciativas e por isso a Assembleia abriu as portas”, afirmou.

Segundo o coordenador da rede de universidades participantes do projeto, Antônio Hilário Aguilera, esta política iniciou com as línguas Terena e Guarani e a partir de agosto amplia para Kinikinau, Guató e Ofaié.

“A cada dois meses reunimos os professores para a capacitação e assim eles vão melhorando o ensino nas aldeias. O projeto é até 2015, mas com possibilidades de estender. Temos que buscar especialistas nas línguas indígenas, às vezes até de fora do Estado e também ser diferenciado nas fronteiras onde existe uma cultura de falar mais de duas línguas”, explicou o coordenador.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população de indígenas, perde apenas para o Amazonas, segundo Hilário. Presente no evento, o pedagogo e matemático Joaquim Adiala, da etnia Guarani, representou os professores indígenas e destacou que este projeto era uma reivindicação dos povos há muito tempo.

“É necessário ter essa formação diferenciada para as aldeias. Os professores precisam disso. O que aprendemos fora da nossa cultura não era o suficiente na alfabetização. Acredito que agora vai melhorar muito a qualidade do ensino”, disse Joaquim.
Permitida a reprodução do texto, desde que contenha a assinatura Agência ALEMS.
Crédito obrigatório para as fotografias, no formato Nome do fotógrafo/ALEMS.