Deputados lamentam violência no campo e cobram ação federal

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Deputados Barbosinha e Lidio Lopes ocuparam a tribuna para debater questão indígena
27/08/2015 - 12:46 Por: Christiane Mesquita e Fabiana Silvestre    Foto: Giseli Rodrigues

A ocupação de propriedades rurais por comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul voltou a ser tema de debates na Assembleia Legislativa. Durante a sessão plenária desta quinta-feira (27/8), os deputados Lidio Lopes (PEN) e José Carlos Barbosinha (PSB) ocuparam a tribuna para falar sobre o assunto.

Segundo Lidio, “já houve audiência com o ministro de Justiça [José Eduardo Cardozo] para tentar resolver esse conflito e nada adiantou. Fiquei sabendo do recebimento de uma nota do presidente do CIMI [Conselho Indigenista Missionário], com a ordem para a invasão de propriedades rurais. O que nos assusta é a situação atual, ver os indígenas saindo dos postos de gasolina com galões para queimar as sedes e a cidade. São 15 propriedades invadidas, em Antônio João e Bela Vista, na região de fronteira”, desabafou.

A deputada Antonieta Amorim (PMDB), em aparte, reclamou dos desdobramentos em Brasília e declarou “que tem a sensação que as coisas só mudarão quando vidas forem colocadas em risco, e fico me perguntando a quem recorrer agora, e, ainda, quantas vidas serão ceifadas. O Ministério da Justiça precisa fazer algo”, cobrou.

Para Lidio Lopes, é difícil acreditar no governo federal, pois já foram criadas comissões para tentar resolver o impasse, mas nada mudou. “Agora, chegou o limite da paciência para ambos, tanto os indígenas quanto os produtores rurais. Enquanto os produtores rurais estão conversando com os policiais, para defender sua terra, os indígenas aproveitam, invadem e saqueiam a sede. Agora pode haver morte, a situação está gravíssima”, alertou o parlamentar.

Também em aparte, a deputada Mara Caseiro (PTdoB) disse acreditar que “o CIMI está incitando os indígenas a invadirem as propriedades rurais, pois recebeu um comunicado de que os caciques de Antônio João foram destituídos no dia 19 de agosto por ordem do Conselho e instruídos a invadir terras. Os produtores estão apavorados, isso é um absurdo, até quando ficaremos de mãos atadas, são eles que produzem os alimentos para o Estado e o país, tenho certeza que os índios não querem guerra”, ressaltou.

Segundo Lidio Lopes, “é necessária a mobilização dos parlamentares em defesa do produtor, do cidadão. Qual é a sensação que temos quando temos nossa casa invadida? Imaginem uma propriedade rural? É urgente que o governo devolva o direito de propriedade aos donos das terras”, concluiu.

Na tribuna, o deputado José Carlos Barbosinha também demonstrou preocupação com o estímulo às invasões de terras, em áreas rurais e urbanas. “Vivemos momentos tormentosos e a leniência do Governo acaba estimulando as invasões, já que nada se resolve”, disse.

O parlamentar afirmou que cabe ao Governo Federal assegurar vida digna aos povos indígenas, mas também garantir o direito à propriedade aos produtores. “Se os índios podem ocupar, se os sem-terra podem ocupar, por que quem tem direito à propriedade não pode defendê-la? O governo tem que se manifestar”, enfatizou.

O deputado Felipe Orro (PDT) disse que o “clima de guerra” gera apreensão. "Realmente nos causa dor no coração; é apenas a vontade política para solucionar e faço um clamor ao governo e ao ministro da Justiça para que pague pelas terras” disse.

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