Cerrado não existirá mais em 15 anos, alerta audiência na ALMS

Imagem: Audiência pública debateu a cadeia produtiva do pequi na Assembleia
Audiência pública debateu a cadeia produtiva do pequi na Assembleia
11/09/2015 - 18:02 Por: Juliana Turatti    Foto: Wagner Guimãres

Dados apresentados pelo deputado Pedro Kemp (PT) na audiência pública A Estruturação da Cadeia Produtiva do Pequi, nesta sexta-feira (11/9), mostram que em 2030, ou seja, em 15 anos o cerrado não existirá mais. “O debate é necessário e temos que resgatar a consciência ambiental e neste sentido o legislativo pode ajudar com leis”, afirmou o parlamentar.

O estudo que faz o alerta é do professor Altair Sales Barbosa, da PUC de Goiás, criador do Memorial do Cerrado, em Goiânia. Ele argumenta que o cerrado como bioma não existe mais, tamanha a destruição pelo avanço do agronegócio. Em 2030, o cerrado não existirá mais, seguindo a média de extinção de dois milhões de hectares por ano.

A diretora do Instituto Marista, Shirlei Aparecida da Silva falou da sua preocupação com o cerrado. “Estamos matando o cerrado, matando a vida humana. O cerrado é o coração do Brasil, é onde estão nossas águas. E a Casa de Leis é fundamental para nos ajudar neste processo de recuperação do cerrado”. Na mesma linha, a bióloga, Rosane Bastos fez um apelo. “Temos que pensar em políticas públicas que atendam efetivamente, porque há uma produção de pequi no Estado e também existe o grupo que trabalha e precisa de ajuda”.

Já a professora doutora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e pesquisadora na área de etnobotânica, Ieda Maria Bertolotto destacou que há no cerrado cerca de 3.339 espécies de plantas e nesta contagem não estão as espécies nativas porque faltam estudos neste sentido. “Das 3.339 espécies, 294 possuem potencial alimentício, o que significa 9% e muito poucas fazem parte do comércio local”, ressaltou Ieda.

“Temos que gritar mais alto, de forma que todo o planeta escute, e mais do que preservar temos que replantar o cerrado”, argumentou Sebastiana Almire que é membro do Fórum Estadual de Economia Solidária do Mato Grosso do Sul lamentou o que as pesquisas apresentam que o cerrado será extinto em 15 anos.

Encaminhamentos - O Grupo de produtores e agricultores e extrativistas do cerrado Sul-mato-grosense, o Fórum Estadual de Economia Solidária, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária e o Instituto Martista de Solidariedade entregaram uma carta compromisso de reivindicação de apoio a cadeia produtiva da sociobiodiversidade do cerrado com as seguintes solicitações: criação imediata de uma lei de proteção e defesa do cerrado; criação de um conselho pró-cerrado e a criação de linhas de financiamento à pesquisa científica para a conservação, replantio e uso sustentável da sociobidiversidade do cerrado.

E ainda constam como solicitações da carta: uma legislação que promova a conservação e replantio do patrimônio genético do cerrado, promovendo a sustentabilidade das comunidades tradicionais e agricultores familiares através do extrativismo sustentável dos recursos naturais deste bioma; criação de um programa de apoio e fomento às comunidades que trabalham e vivem no cerrado; garantia de recursos para a cadeia produtiva da sociobiodiversidade do cerrado.

Também foi solicitado que sejam realizadas discussões sobre o tema no interior do Estado e que o Governo do Estado também apresente projetos que valorizem os frutos do cerrado e que tragam mais renda.

Pedro Kemp se comprometeu a apresentar projetos de lei no Parlamento e também se prontificou a estudar os projetos de outros estados e que se apliquem ao Mato Grosso do Sul. “Temos que pensar em propostas que além de preservar possam recuperar o que foi perdido”, reforçou o deputado.

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