Mato Grosso do Sul poderá ter Plano de Regularização Fundiária, anuncia Câmara

Imagem: Renato Câmara contou que Plano foi proposto pela nova Frente Parlamentar em atuação na ALMS
Renato Câmara contou que Plano foi proposto pela nova Frente Parlamentar em atuação na ALMS
08/06/2017 - 12:19 Por: Fernanda Kintschner    Foto: Victor Chileno

Problemas fundiários e conflitos agrários historicamente observados em Mato Grosso do Sul podem chegar ao fim. Essa é a proposta da Frente Parlamentar para a Regularização Fundiária que pretende, ao longo de dois anos de trabalho, compilar um Plano Estadual de Regularização Fundiária que trace medidas e políticas públicas que resolvam essas situações. O anúncio foi feito pelo coordenador da Frente, deputado Renato Câmara (PMDB), durante sessão ordinária desta quinta-feira (8/6), na Assembleia Legislativa.

“O Estado precisa desse Plano, que será muito debatido pelos deputados e mais de 20 entidades que participam da Frente. Levaremos nas câmaras de vereadores de cada um dos 79 municípios para receber sugestões, ver a realidade, os entraves de cada local e constatar o que precisa ser feito para superar os impedimentos fundiários”, explicou Câmara.

Segundo o deputado, a criação do Plano Estadual é um dos quatro pilares de atuação da Frente definidos em audiência pública realizada na Casa de Leis na quarta-feira (7/6). Reveja sobre o evento clicando aqui. Os outros três pilares, disse Câmara, são a “regularização dos ‘posseiros’ da Reforma Agrária, que receberam as terras, mas ainda não têm títulos e com isso não podem ter acesso a benefícios fiscais e de crédito; a definição das delimitações entre municípios, para evitar perda de arrecadações e conflitos por espaço com a crescente abertura para a piscicultura nos rios; e a titulação de terrenos públicos e projetos habitacionais”.

Ex-prefeito por Terenos e também membro da Frente, o deputado Beto Pereira (PSDB) concordou com a necessidade de confirmar as divisas dos municípios. “Temos inúmeras cidades vizinhas em que há prejuízos de recolhimentos do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], por conta da dificuldade de delimitação de cidade. Talvez não possamos reparar o que já aconteceu, mas com essa ação da Frente podemos evitar novas perdas e incentivar mais empresários a investirem no Estado”, ressaltou Beto.

Para o deputado Zé Teixeira (DEM) a regularização dos terrenos distribuídos pela Reforma Agrária deve ser prioridade. “A Reforma estabelece que aquele que toma a posse não pode vender a terra por dez anos e a gente sabe que não é isso que acontece, tanto que esse processo está suspenso e, por enquanto, só traz prejuízo para o Brasil”, criticou o deputado.

Cabo Almi (PT) demonstrou preocupação. “A questão da Reforma Agrária é muito complexa e remonta dos anos 1950, 1960. Tenho a humildade de falar que o Governo do PT não resolveu, mas não sei o porquê que isso não anda. É muita burocracia e eu vivi isso, trabalhei e convivi em colônias agrícolas até meus 20 anos de idade antes de vir para Campo Grande, sei das dificuldades”, contou.  

O deputado João Grandão (PT), que também é membro da Frente Parlamentar, relembrou que a Medida Provisória (MP) 759/2016, do Governo Federal, em tramitação em Comissão Mista no Congresso Nacional, poderá mudar muitas leis em vigor e é preciso “ter cautela nas decisões”. “Também é trabalho da Frente acompanhar essa MP que pode alterar seis leis, inclusive a da Reforma Agrária. Temos que discutir muito e sabemos que sem o debate não chegaremos às resoluções”, ponderou Grandão.

Herculano Borges (SD) parabenizou a atuação da Frente Parlamentar e colocou sua equipe à disposição para ajudar no que for necessário. Também compõem a Frente os deputados Coronel David (PSC), Flavio Kayatt (PSDB), Marcio Fernandes (PMDB) e Paulo Corrêa (PR).

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